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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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(Souza, 2002) analisam-se, por um lado, as formas de envolvimento em favor dos frentes –<br />

republicano e nacional – conflitantes na Guerra Civil por parte dos imigrantes espanhóis<br />

estabelecidos no Estado de São Paulo e, por outro, os desdobramentos desses engajamentos<br />

durante uma primeira fase do governo de Franco (1939-1946) 252 . A fonte dessa dissertação<br />

foi a documentação das sociedades espanholas – correspondências enviadas e recebidas,<br />

atas de reuniões, panfletos, etc. – que apreendeu o Departamento de Ordem Política e<br />

Social do Estado de São Paulo (<strong>DE</strong>OPS/ SP) 253 durante os anos da Guerra Civil e que fora<br />

anexada aos prontuários policiais que o <strong>DE</strong>OPS tinha aberto para fiscalizar a natureza e os<br />

afãs dessas associações de estrangeiros. A respeito da motivação das autoridades estaduais<br />

paulistas para o confisco desses documentos, Ismara Izepe de Souza comenta o seguinte:<br />

A documentação do Fundo <strong>DE</strong>OPS deixa evidente que a maioria das sociedades espanholas<br />

presentes no Estado de São Paulo foram duramente reprimidas durante a Era Vargas pelo fato de<br />

promoverem atividades em prol dos republicanos espanhóis. Aglutinadas no Comitê Central de<br />

Propaganda da Espanha Republicana, tais agremiações empreenderam campanhas para auxiliar à<br />

Espanha em conflito (Souza, 2002: 18-19).<br />

Já em 2001, Ismara Izepe de Souza publicara República Espanhola: um modelo a<br />

ser evitado, um livro em que se apresentavam e comentavam os registros policiais da<br />

década de 1930 que realizara o <strong>DE</strong>OPS/ SP em relação aos espanhóis. No acervo do<br />

<strong>DE</strong>OPS/ SP, junto às fichas policiais de alguns brasileiros simpatizantes da II República<br />

Espanhola, encontram-se os prontuários dos espanhóis suspeitos de perigosa militância<br />

política para a segurança nacional no período que vai do início da Guerra Civil espanhola<br />

ao final da II Guerra Mundial. Essa documentação permite, por um lado, comprovar como<br />

uma considerável fração dos imigrantes espanhóis residentes nas cidades de São Paulo,<br />

Santos e Sorocaba acompanhara os acontecimentos da Espanha durante a década de 1930,<br />

252 Em 2005, Ismara Izepe de Souza, com base na sua dissertação de mestrado, publicou o estudo intitulado<br />

Solidariedade Internacional: a comunidade espanhola e a polícia política diante da Guerra Civil da Espanha<br />

(1936-1946) (Souza, 2005).<br />

253 A partir do arquivo do <strong>DE</strong>OPS/ SP foram também desenvolvidos estudos sobre outros grupos vigiados e<br />

perseguidos pela polícia. Quatro deles, Inventário Deops: módulo II, Estudantes: os subversivos das arcadas,<br />

de Viviane Teresinha dos Santos (1999), O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951), de Rodrigo<br />

Rodrigues Tavares (2001), Cultura amordaçada: intelectuais e músicos sob a vigilância do <strong>DE</strong>OPS, de<br />

Álvaro G. A. Andreucci e Valéria G. de Oliveira (2002) e Combatentes pela liberdade: o movimento<br />

anarquista sob a vigilância do <strong>DE</strong>OPS/ SP (1924-1945), de Lucia Silva Parra (2003) examinam os<br />

prontuários elaborados pela polícia relativos ao que era considerado o conflitante engajamento de imigrantes<br />

espanhóis no movimento estudantil, no sindicalismo, na política e no campo cultural.<br />

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