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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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empenhando, por meio do fascismo, a mocidade revolucionária da Itália, da Alemanha, de<br />

Portugal e da Espanha:<br />

Os fascismos – vamos chamá-los assim em linhas gerais – são movimentos de juventude que<br />

poderíamos enquadrar, dando aos temas um valor atual, em um segundo ciclo romântico, com todo o<br />

caráter ocidental que teve o romantismo de 1830. Se queremos compreender a nova revolução<br />

européia, temos de ver nos moços que seguem a Franco, a Salazar, a Hitler e a Mussolini, tudo<br />

quanto há além das preocupações nacionais, tudo quanto há de europeísmo: a ilusão de restaurar nas<br />

artes os cânones clássicos, de recriar a cultura sobre bases de humanismos, de estruturar a vida em<br />

volta de princípios religiosos, de agrupar outra vez a Europa em ideais comuns, e de dar-lhe outra<br />

vez empresas imperiais além do continente. Na magnitude desta hora fáustica, as oposições entre a<br />

Inglaterra e a Alemanha, entre a França e a Itália, não têm significação perdurável, são apenas<br />

desentendimentos provocados pelas atitudes dos parlamentos: a juventude francesa está mais perto da<br />

nova Itália que de seu próprio governo. Se um vento de loucura não dá conta de nós todos neste<br />

próximo ano decisivo de 1938, ainda veremos os Estados do Ocidente juntos num novo renascimento<br />

que atingirá proporções grandiosas. Devemos esperar que na Inglaterra, agora desnorteada por<br />

estadistas improvisados e revolucionários de clubes aristocratas, volte a imperar a grande política<br />

vitoriana, e na França, hoje em situação anárquica, hoje dominada pelo operariado marxista,<br />

ressuscite o espírito tradicional – requintadamente latino – que elaborou as glórias mais puras dos<br />

filhos de São Luiz (Las Casas, 1937b: 158-59).<br />

Encerra Álvaro de Las Casas o seu livro escrevendo as palavras que utilizou para o<br />

intitular, isto é, sublinhando que nunca o mundo vivera horas tão angustiosas e que nelas só<br />

sobreviverão “as almas fortes” e “os temperamentos aguerridos” que tenham sabido<br />

guardar o seu posto no combate. Nesse sentido, o autor dedica as derradeiras linhas de<br />

Angústia das nossas horas a exortar os seus leitores para que escolham com acertamento a<br />

metade do mundo em beligerância na qual se situarão: “Escolhamos dignamente o nosso<br />

posto e não nos importe a morte, senão como vamos morrer: sobre as cinzas de Creso caiu<br />

um dilúvio de desdens; da tumba de Leônidas elevou-se um coro de cânticos” (Las Casas,<br />

1937b: 160).<br />

Temos alguns dados acerca da recepção tida por Angústia das nossas horas no<br />

Brasil através de excertos, supostamente recortados da imprensa brasileira ou da<br />

correspondência do autor, inseridos no final de Os dois e de Na labareda dos trópicos, as<br />

seguintes obras publicadas por Las Casas no Rio de Janeiro, ambas pela editora A Noite,<br />

em 1938 e 1939, respectivamente. Trata-se, no total, de 27 excertos e do que parece ser o<br />

texto completo da missiva que lhe remetera ao autor Dom Pedro Gastão de Orléans e<br />

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