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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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que o caso galego na cidade de São Paulo não condizia nem com os retratos qualitativos<br />

homogêneos que se fizeram do movimento imigratório espanhol nem com as duas<br />

ocupações laborais – a de camponês e a de operário – que, sem diferenciação de<br />

procedências, se associaram aos espanhóis chegados paulatinamente ao Brasil desde<br />

meados do séc. XIX (Peres, 2003: 32, 41).<br />

Em 1996, Ricardo Evaristo Santos publicou Política migratoria española a<br />

Iberoamérica: aporte Brasil (1890-1950), que almejou a abrangência de múltiplos aspectos<br />

do processo imigratório – o jurídico, o político, o social, o cultural –, estudados, contudo,<br />

com independência entre si. O livro de Ricardo Evaristo Santos apresentou-se como a<br />

primeira grande obra em que se enfocava, com abundância de dados resultantes de<br />

pesquisas em fontes primárias, a história da imigração espanhola ao Brasil, distinguindo-se<br />

os imigrantes espanhóis segundo a sua procedência e segundo as regiões do Brasil em que<br />

se estabeleceram. O livro contém uma recopilação de informações sobre o trabalho dos<br />

imigrantes espanhóis na lavoura do café no interior do Estado de São Paulo e na estiva<br />

desse grão no porto de Santos. Para a nossa pesquisa, esse estudo foi de interesse devido à<br />

classificação que apresenta do que denomina “influências espanholas no Brasil” (Santos,<br />

1996: 237-52) 240 e devido às reflexões contidas sobre “a integração do emigrante espanhol<br />

no Brasil” (Santos, 1996: 253-309) 241 .<br />

240 O Prof. Ricardo Evaristo Santos (1996: 237-41) adjudica aos imigrantes espanhóis um papel protagonista<br />

na execução das melhoras urbanísticas e do embelezamento arquitetônico na cidade de Santos. O autor<br />

destaca a influência de “alguns matizes hispânicos” no novo conceito de habitat da arrojada arquitetura civil<br />

planejada pelas empresas construtoras galegas instaladas nessa cidade durante o período de 1911 a 1940.<br />

Levanta 27 processos administrativos que foram abertos para tramitar autorizações de licença de obra que<br />

solicitaram por firmas de construção ou de reforma de imóveis fundadas por mestres de obra galegos. Os<br />

estilos arquitetônicos escolhidos para essas edificações foram o neoclássico, o art nouveau e o art déco.<br />

Ricardo Evaristo atreve-se a supor que no art nouveau impresso nas construções erguidas pelos galegos na<br />

principal cidade portuária paulista pode-se captar a pegada do modernismo da Catalunha, mas ele não expõe<br />

nem como nem quando teria acontecido a assimilação do cânone modernista catalão. O trabalho de imigrantes<br />

galegos calceteiros ter-se-ia refletido na pavimentação de passeios públicos e na decoração das fachadas de<br />

edifícios de Santos.<br />

241 Não localizamos estudos dedicados a observar se houve, da Galiza para São Paulo, transferências de gosto<br />

em decoração, desenho ou arquitetura. Todavia, os empréstimos da culinária galega que permanecem no<br />

Brasil foram destacados pelas sociólogas Marina Heck e Rosa Belluzzo. Elas entenderam que o alimento pode<br />

ser visto como um código simbólico que organiza a produção e as relações sociais. Ponderando que a<br />

culinária é uma das formas mais duradouras e gregárias da conservação da identidade do imigrante<br />

recopilaram 115 receitas de cozinha de 17 grupos de alienígenas no Estado de São Paulo. A recuperação da<br />

memória culinária foi efetuada através de entrevistas a 31 imigrantes. A culinária da imigração espanhola foi<br />

refletida nas duas receitas ensinadas por uma galega de Ourense e as quatro receitas comentadas por uma<br />

catalã de Barcelona. A informante galega Matilde (Heck; Belluzzo, 1998: 126-31) coloca que “Lá [na Galiza]<br />

o prato do dia-a-dia é mais bem a base de batata e de verduras. A bem da verdade, aqui sempre fizemos<br />

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