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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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instabilidade dessa presença, pois se teria produzido uma considerável “remigração” ou a<br />

partida para outros estados brasileiros ou outros países americanos. O autor acrescenta uma<br />

lista de sobrenomes espanhóis localizáveis em Minas em decorrência do assentamento do<br />

contingente de imigrantes e salienta que, concluídas as principais obras de urbanização de<br />

Belo Horizonte, bastantes espanhóis deixaram essa cidade para se dispersarem pelo estado<br />

ou de deslocarem a outros estados do Brasil. Em relação à contribuição dos espanhóis para<br />

a constituição do campo cultural mineiro o autor menciona três fatos: a apresentação em<br />

Belo Horizonte, em 1895, de um espetáculo por uma companhia espanhola de zarzuela 198 , a<br />

construção do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes pela Congregação Espanhola dos<br />

Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria e as pesquisas acadêmicas, nas áreas<br />

de história e economia, do Prof. Francisco Iglesias, filho de um galego e uma andaluza 199 .<br />

O autor menciona ainda a fundação, em 1907, da Sociedade Beneficente Espanhola e, em<br />

1911, do Grêmio Espanhol de Socorros Mútuos e Instrução, e conclui o capítulo com as<br />

seguintes ponderações:<br />

Com a venda dos lotes das colônias, muitos imigrantes, dentre os quais os espanhóis, ficaram<br />

financeiramente bem de vida, podendo aplicar seus lucros em atividades industriais, comerciais ou<br />

agrícolas, o que lhes garantia mais rápida ascensão social. Desse modo e em decorrência do que foi<br />

dito, não houve problemas de vulto na inserção dos espanhóis na sociedade de Belo Horizonte,<br />

mormente dos seus primeiros descendentes.<br />

Não obstante a sua pouca densidade, a colônia espanhola de Belo Horizonte foi sempre atuante na<br />

defesa dos interesses de seus membros, e as relações entre ela e sociedade foram sempre amistosas.<br />

Desse modo, houve poucos problemas com relação à inserção dos espanhóis na sociedade de belohorizonte<br />

(Silva, 2002: 124-25).<br />

198 A presença no território de Minas Gerais de grupos artísticos espanhóis, além de ter sido registrada em<br />

crônicas e em estudos da história mineira, foi objeto de tratamento literário no romance Cassino de Sevilha,<br />

de Paulo Thiago (2000). A chegada a Belo Horizonte da Companhia de Zarzuelas a que se referem Renato de<br />

Assumpção e Silva e Valentín Bahillo (1998: 65-66) foi, por primeira vez, relatada pelo historiador Abilio<br />

Barreto (1936: 433-34).<br />

199 Na bibliografia de Francisco Iglésias não encontramos estudos ou ensaios que contemplem explicitamente<br />

a Galiza. No entanto, em um artigo de opinião da sua autoria, intitulado Chão Galego, publicado no<br />

Suplemento Literário do Minas Gerais, 03.02.73, ao comentar o homônimo livro de viagens de Renard Perez,<br />

declara que, embora nunca antes tivesse se referido à Galiza – a terra do seu pai –, ele viajou em duas<br />

ocasiões até ela com o intuito de conhecer in situ as suas raízes para entender-se melhor a si mesmo. De todas<br />

as formas, ele declara-se profundamente brasileiro: “Uma das coisas prodigiosas da cultura brasileira é esta<br />

assimilação plena de estrangeiros – espanhóis e italianos, sobretudo: seus filhos já são de todo nacionais,<br />

como se dá com o nordestino Perez ou o mineiro que lhe comenta o livro; ainda que mais espanhol – pai e<br />

mãe –, sinto-me tão brasileiro como se viesse direto de um dos índios vistos por Cabral” (Iglésias, 1973: 8).<br />

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