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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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institucionais da sociedade receptora, e uma quota de vagas nos serviços que essa<br />

administração presta, esteando-se tal reclamação no direito dos estrangeiros a reparações<br />

pela segregação existente ou pelas injustiças cometidas contra os seus coletivo no passado.<br />

Desse modo, os grupos diversos de estrangeiros residentes revestem-se de homogeneidade,<br />

e as diferenças internas desses coletivos ficam diluídas em uma identidade compartilhada<br />

por todos os integrantes dos grupos dos estrangeiros desfavorecidos, que se convertem em<br />

sujeitos passivos com uma identidade individual desvalorizada.<br />

O viés negativo do afastamento da pátria e da aculturação transcende quando o<br />

homem desenraizado não sente mais atração pelo espaço do qual partiu. Esse homem,<br />

desde o ressentimento ou desde a indiferença, chega a perder a vontade de conhecer as<br />

mudanças acontecidas no seu país durante a sua ausência, ainda que ele costume cavilar<br />

sobre o passado do seu país, pois esse passado lhe explica os traços da sua personalidade e<br />

guarda as razões da sua partida.<br />

No processo da aculturação conveniente, para que esta seja aceita pelo estrangeiro<br />

residente e reconhecida pelos cidadãos nacionais, deve-se produzir uma síntese em que a<br />

interiorização, por parte do estrangeiro, da cultura alheia consista na abrangência de uma<br />

dimensão cognitiva e na execução de uma função afetiva. A dimensão cognitiva fornece ao<br />

estrangeiro orientações para a compreensão da sociedade na qual ele se inseriu enquanto<br />

que a posse da função afetiva lhe fornece os meios para que a sociedade nacional adotiva o<br />

reconheça e o confirme como novo membro, podendo ele sentir que a sua presença está<br />

permitida e que ele foi incorporado como um neófito. Se, desde o afeto dos campos sociais<br />

receptores, a integração do estrangeiro não se tolera, sob a justificativa das diferenças<br />

intransponíveis que os separam dos elementos exógenos, a submissão e, até mesmo, a<br />

eliminação do estrangeiro será almejada, exigindo-se o seu afastamento dele do nós.<br />

A partir da rejeição afetiva do outro e da delimitação do grupo dos outros – um<br />

subgrupo, o eles –, conformam-se os fundamentos da xenofobia e do etnocentrismo<br />

(desvalorização dos outros, supervalorização dos meus). Por sua vez, o racismo consiste em<br />

fazer coincidir a identidade associada ao grupo rejeitado com características físicas<br />

distintivas, quer dizer, com os traços opositivos do que se crê ser uma raça, embora esse<br />

parâmetro de classificação já tenha sido invalidado pela biologia. Quando não se<br />

distinguem com nitidez traços físicos – como acontece no anti-semitismo –, estabelecem-se<br />

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