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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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mesmos moldes com que vem procedendo com outros países da América e com as Filipinas. Hoje, a<br />

través de bolsas de estudos e convites, o brasileiro vem tomando contacto e firmando laços culturais,<br />

científicos, artísticos e sentimentais com a Espanha e com o espanhol, cada vez mais descobrindo<br />

afinidades, criando e fortificando simpatia, e porque não dizer, sentimento de parentesco étnico,<br />

histórico e cultural como aquele que nos une desvanecidamente a Portugal, aos portugueses.<br />

[...] Faz-se mister uma aproximação cada vez mais estreita; é necessário que o brasileiro visite os<br />

centros científicos da Espanha, leia seus escritores, escute e execute a sua música, aprecie seus<br />

magníficos e magistrais pintores; e, em fazendo isto, verificará quanta beleza, quanto de utilidade,<br />

quanto de grandeza cultural, artística e científica vem deixando de ver, de sentir e de servir-se;<br />

beleza, grandeza, pujança, comparáveis ao que melhor haja em nosso orbe, sem nenhuma sombra de<br />

dúvida (Madureira, 1967: 10-12).<br />

Madureira considera que cumpria que os brasileiros descobrissem que eram e se<br />

podiam sentir hispânicos. Mas, para que isso acontecesse, acredita que era preciso que<br />

instituições espanholas concedessem, a brasileiros, bolsas para estadias na Espanha.<br />

Mediante as viagens de estudos e os passeios turísticos compatíveis com o curso em que o<br />

bolsista se matriculasse, ele poderia apreciar in loco a grandeza cultural da Espanha e<br />

assumir as afinidades identitárias hispano-brasileiras, chegando a se reconhecer como mais<br />

um hispânico. O soteropolitano Madureira não menciona que para conviver com espanhóis<br />

não era necessário o deslocamento dos baianos até a Espanha, pois em Salvador residiam<br />

centenas deles. Ele crê que o conveniente era conhecer os espanhóis na Espanha. De fato,<br />

no final de Espanha eterna declara que, ao regressar a Salvador, chegou convencido pelo<br />

que vira e experimentara que os brasileiros eram um “povo hispânico”:<br />

Agora, já de volta, entre os queridos entes, reentrosando-nos na vida quotidiana das nossas<br />

obrigações, sentimo-nos como um neto querido que tenha ido passar uns tempos com a bela<br />

magnânima e amada avó. Sim, caros leitores, não nos furtamos a repetir: por laços culturais,<br />

sentimentais e, por que não dizer, de sangue mesmo, somos, os brasileiros, um povo hispânico.<br />

Somos filhos diletos de Portugal e isso muito nos honra e envaidece, porém somos netos da Espanha<br />

e isso é uma realidade desvanecedora (Madureira, 1967: 326).<br />

Espanha eterna é uma extensa obra – 330 páginas –; é um misto contendo ensaios<br />

sobre a cultura espanhola, crônicas e impressões de viagem. Todas as regiões da Espanha<br />

peninsular foram percorridas pelo autor, e também as Ilhas Canárias. Madureira narra<br />

passeios por todos esses espaços, embora dedique duas terceiras partes da obra a prosas<br />

sobre Madri, Extremadura e Andaluzia. À Galiza, cujas quatro províncias percorreu,<br />

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