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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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No capítulo III – Formas de nacionalismo – dedica um item – A gênese da<br />

concepção do Estado – a traçar um histórico da formação do Estado, do séc. X ao séc. XX.<br />

Comenta as lutas medievais pela hegemonia sobre os homens entre o Pontificado e o<br />

Império, explica como se consolidaram as monarquias autoritárias, resenha as idéias<br />

políticas de Machiavel, observa a substituição, por parte dos monarcas, do conceito nação<br />

pelo de povo e a submissão total de este aos interesses do Estado régio, descreve a corte de<br />

Versalhes e diz que a ostentação e a frivolidade cortesãs, e os seus derivados – a perda do<br />

“espírito de milícia”, e a falta de malícia, diplomacia, astúcia e habilidade no uso do poder<br />

– corromperam e arruinaram o Estado, produzindo o divórcio estremo entre este e a nação,<br />

na relação com a qual o Estado deixou de saber usar a dialética e perdeu a capacidade de<br />

coação, o que permitiu que, com impunidade e desde o cinismo, alguns inimigos do Estado<br />

– Montesquieu, Morelly e Rousseau – se atravessem a predicar a subversão contra ele a<br />

abrissem caminho às futilidades e labilidades do romantismo. As conseqüências deste, no<br />

séc. XX, são assim analisadas por Las Casas:<br />

O século XX é, tanto no político como no literário, essencialmente romântico; os escritores se<br />

entregam com ardor aos partidos e os cidadãos caem na mecânica eleitoral como se se<br />

circunscrevessem a uma escola poética. A política é literatura romântica: individualismo, liberdade,<br />

evocação, oposição às normas. [...] Reabilita-se o conceito de Nação, que se quer libérrima, e se<br />

endeusa o cidadão para cujas atividades – e desejos – não se admitem restrições. É a época da<br />

soberania nacional, entendendo-se que o mais humilde e indouto dos eleitores é um pedaço<br />

imprescindível dessa soberania. O Estado deve estar ao serviço do indivíduo, e um simples voto de<br />

maioria deve bastar para decidir sobre os problemas mais difíceis e graves. Deve-se governar<br />

segundo o desejo dos governados. Ao governante não deve importar a qualidade dos que o aplaudem,<br />

mas a quantidade. O Estado perde a importância histórica e se fecha nas áreas concretas de realidades<br />

presentes (Las Casas, 1937b: 74-75).<br />

O autor acredita que o liberalismo romântico decimonônico imbuiu nas gentes<br />

européias da primeira década do séc. XX a ilusão de que a liberdade integral conseguir-seia<br />

com a destruição dos impérios. No entanto, enquanto as massas enganavam-se,<br />

acreditando na chegada da paz duradoura e na asseguração da sua liberdade, os estadistas<br />

preparavam uma grande guerra. Las Casas (1937b: 76) observa que, nesse contexto,<br />

“Cinqüenta ou cem criaturas em cada estado estão a par do que se passa, e o resto da<br />

povoação, estupidamente ignorante, continua divertindo-se como se vivesse no melhor dos<br />

mundos”. A conseqüência foi a Primeira Guerra Mundial; os efeitos dela, por sua vez, são<br />

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