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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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ele pudesse ter falado qualquer opinião política suscetível de manifestações adversas. Sob o<br />

título Um argumento, assim expõe a sua opinião sobre o acontecido com ele no Recife:<br />

O caso não tem importância, mas vou citá-lo para provar quanta é a paixão política nos meios<br />

literários pernambucanos.<br />

Por diversas circunstâncias, que não vêm ao caso, a minha roda era a roda do Governo: o secretário<br />

da Agricultura, o da Fazenda, o diretor do Ensino, o diretor da imprensa oficial, e isto foi causa de<br />

que alguns fanáticos das esquerdas fossem menos amáveis comigo. Não sou político, não me<br />

interessa a política, mas sou um intelectual de formação tradicionalista, católico e conservador, e os<br />

tais cavalheiros não perderam oportunidade para mostrar-me a sua antipatia.<br />

Pois bem: tinha passado um mês após minha saída de Recife, já estava para chegar a S. Salvador,<br />

quando o correspondente pernambucano do “Estado da Baía”, julgando que não trucidava<br />

desonestamente a verdade nem infringia os mais elementares princípios de hospitalidade, lançou a<br />

este grande e querido jornal, surpreendendo-o na sua boa fé, o seguinte telegrama, publicado no dia<br />

19 de setembro:<br />

“Convidado pelo diretor da Faculdade de Direito, Sr. José de Almeida, no momento em que iniciava<br />

a sua palestra de propaganda política do general Franco, sob o título: “História e Legislação da<br />

Espanha”, o Sr. Álvaro de Las Casas foi vaiado pela assistência, constituída na sua maioria de<br />

acadêmicos. Vários estudantes falaram... etc.”.<br />

Ora, eu nem falei na Faculdade de Direito, nem falei na minha vida sobre tal tema, nem jamais<br />

quebrantei as normas que a mim próprio me tracei e que defini em entrevista concedida ao “Correio<br />

do Ceará”, e publicada em 6 de agosto:<br />

“Acho ótima a política do presidente Vargas de afastar do Brasil as preocupações com a política<br />

européia, que, cá, só podem acarretar desvantagens. Assim, pois, permita que cale as minhas opiniões<br />

sobre a nossa guerra, fiel à sábia política brasileira”.<br />

Nem liguei ao caso. O “Estado da Baía”, cordialmente, ofereceu-me campo para uma retificação; não<br />

valia a pena retificar o Sr. Anibal Fernandes. Estou certo que, se comunicasse o caso à Associação de<br />

Imprensa Pernambucana, inutilizaria o tal correspondente que, mentindo perversamente, fazendo em<br />

seu serviço a mais escandalosa política, injuriava um hóspede que, através de seis livros e mais de<br />

duzentos artigos, só vem tendo a preocupação de servir dedicadamente o Brasil e os brasileiros” (Las<br />

Casas, 1939: 12021).<br />

Do Recife parte para a capital de Alagoas, cujas impressões usa o autor para abrir a<br />

sua narração do Cap. X – A costa da saudade. De Maceió comenta que o visitante, caso se<br />

deixe levar pelas primeiras impressões, pode acreditar que a cidade não vale a pena, pois<br />

nem tem um bairro colonial monumental nem prédios modernos grandiosos. Mas ele<br />

experimentou como, mediante a orientação de “meia dúzia de amigos”, Maceió pode<br />

resultar uma cidade “interessante, amável, cheia de curiosidades que merecem a nossa<br />

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