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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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meio para evitar que as potências estrangeiras projetem sobre eles planos imperialistas que<br />

ponham em risco a segurança nacional do Brasil. Para se evitar esse perigo e garantir a<br />

identificação dos imigrantes com o país receptor, os trabalhadores rurais estrangeiros hão<br />

de se sentir orgulhosos e agradecidos por residirem no Brasil, para o qual era preciso, por<br />

um lado, que as autoridades os protegessem de possíveis arbitrariedades por parte dos<br />

empregadores e, por outro, que os filhos desses trabalhadores pudessem assistir a aulas em<br />

escolas rurais bem dotadas onde receberiam um ensino patriótico.<br />

Boris Fausto não aprecia que trabalhos como o de Júlio de Revorêdo tenham uma<br />

orientação susceptível de ser reconhecida como fundadora dos modernos estudos<br />

migratórios brasileiros 227 . Prescindido deles, e centrando-se nos estudos desenvolvidos nas<br />

três décadas – 1950-1980 – nas quais, segundo Fausto, se consolidou a imigração como<br />

campo de investigação, o historiador assinala a predominância, nessas pesquisas de dois<br />

temas principais. Eles são a “questão da mobilidade social” e a “integração e pluralismo<br />

cultural”. Depois de Historiografia de imigração para São Paulo, Boris Fausto dedicou um<br />

breve livro – Imigração e Política em São Paulo (Fausto, 1995) – à análise da intervenção<br />

na política e no sindicalismo, em São Paulo, dos trabalhadores estrangeiros durante a<br />

República Velha. Nele foram abordados os problemas de integração dos imigrantes nos<br />

campos sociais paulistas e as articulações políticas de sírio-libaneses, judeus e japoneses 228 .<br />

O livro enfoca a construção de representações relativas àqueles alienígenas que, desviandose<br />

da dedicação ao trabalho que lhes era inerente devido à sua qualidade de imigrantes,<br />

227 Na atualidade, na Universidade de São Paulo desenvolvem-se pesquisas motivadas pelo fato de o Brasil,<br />

desde a década de 1980, ter deixado de ser um país de imigração para se converter em um país de emigração.<br />

Em 2003, o Itamaraty estimava em 1.900.000 o número de brasileiros residentes no exterior. Nesse sentido, a<br />

USP dedicou o vol. 20, n. 57, maio-agosto de 2006 do seu periódico Estudos avançados, intitulado Dossiê<br />

Migrações, aos efeitos causados, na ordem econômica, na identidade cultural e no comportamento, pela<br />

emigração do Brasil. Em 2004, Carlos Sebe Bom Meihy publicou um livro, Brasil Fora de Si (Meihy, 2004),<br />

sobre experiências de brasileiros em Nova York. Já em 1999, Teresa Sales publicara um estudo – Brasileiros<br />

longe de casa – sobre os fluxos de migração dos brasileiros para os Estados Unidos, centrando-se, sobretudo,<br />

na colônia assentada em Boston (Sales, 1999).<br />

228 Acreditamos que, devido à repressão policial durante a Era Vargas (1930-1945), foram poucas as<br />

publicações brasileiras, nessa época, que denunciaram a insídia e a sanha de algumas das práticas derivadas<br />

das políticas governamentais destinadas à nacionalização da mão-de-obra estrangeira. Com essa orientação,<br />

localizamos a obra Pátria, imigração e cultura, publicada em São Leopoldo pelo historiador Leopoldo Petry<br />

(1956). Ele defende o patriotismo brasileiro demonstrado, desde o início da imigração, pelos trabalhadores<br />

estrangeiros no Rio Grande do Sul e argüi que, nos casos em que se desenvolvera com lentidão e de modo<br />

parcial o processo de aculturação, isso se devera às falhas nas medidas assistenciais que dispuseram as<br />

autoridades nativas locais. Petry assinala que essas falhas foram, sobretudo, a deficiente, ou nula, educação<br />

pública, a inexistência de serviços públicos, que obrigaram à sua criação gremial por parte dos estrangeiros, e<br />

as péssimas infraestruturas, as quais mantiveram no isolamento os núcleos de colonos.<br />

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