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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Llegaban precisamente por mí. Al saberme en aguas del río Doce, el Dr. Filogonio Peixoto, tan gentil<br />

como me lo habían pintado, hizo cuestión de convidarme a su hacienda de cacao, situada en aquellas<br />

proximidades.<br />

Conocía de antemano al Dr. Peixoto. Puedo decir que lo conocía desde que, en mis viajes por el<br />

interior de Bahía, comencé a interesarme por la economía cacauera. Leyera de él publicaciones<br />

interesantes y, sobre todo, un libro que me enseñara mucho (Casais, 1940: 219).<br />

Casais aceita o convite pois sabia que Filogonio Peixoto, além de ser irmão do<br />

crítico literário Afrânio Peixoto, era uma autoridade reconhecida – devotada – na região,<br />

tanto pela prosperidade que se expandira a partir da sua lucrativa fazenda criada no que fora<br />

mata impenetrável e dedicada à recolhida e exportação de cacau, quanto pelas suas<br />

preocupações para garantir o bem-estar material e cultural dos seus trabalhadores. Nesse<br />

sentido, Casais (1940: 220-21) esclarece que a fazenda Maria Bonita nada tem a ver com as<br />

condições de trabalho narradas em um romance que ele lera nos seus “primeros tiempos de<br />

forastero en el Brasil”, na qual “las haciendas de cacao se representan como inauditas<br />

explotaciones del trabajador agrícola, y a los patronos hacenderos como repugnantes<br />

opresores de sus operarios”. Casais exclama “¡Vive Dios que no fueron esos los cuadros<br />

que yo vi!”. Supõe-se que ele se refere ao romance Cacau, de Jorge Amado. Na visão de<br />

Casais, a fazenda Maria Bonita seria a antítese dessa ignomínia, pois nela os trabalhadores<br />

agrícolas contavam com habitações higiênicas, quadras de esporte, escolas, “círculos de<br />

reunión y de recreo”, e atendimento médico gratuito, além de se haver estimulado o<br />

envolvimento deles em agrupações culturais e esportivas.<br />

Após essa experiência, Casais faz a parada seguinte em Linhares, onde a Secretaria<br />

de Agricultura lhe arruma hospedagem e de onde parte, primeiro, para conhecer a lagoa<br />

Juparaná e, logo, para alcançar a cidade de São Matheus, cidade colonial e portuária –<br />

marítima –, onde assistirá, fazendo parte da comitiva oficial, à inauguração de uma estrada<br />

de comunicação com Vitória por parte do Interventor do Estado. A descrição do fausto que<br />

impregnou a demorada cerimônia da inauguração da estrada conforma, no nosso entender,<br />

o paroxismo da narrativa hiperbólica do livro de Casais. Trata-se de uns parágrafos em que<br />

se confunde a redação das impressões de uma viagem turística com a exaltação épica da<br />

inauguração de uma rodovia de terra batida, da qual o turista deixa de ser um observador<br />

para nela se integrar do seu papel de protagonista exógeno. Tudo o que Casais percebeu<br />

durante esses atos foi compreendido por ele como sinal extremo da emoção, do orgulho, da<br />

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