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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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ecentemente preparado, queijo, mel e fubá – farinha de milho torrada – que combina<br />

admiravelmente com os outros ingredientes. Por delicadeza os lavradores não nos permitiram<br />

abandonar a sua casa sem levar, como recordação da espontânea visita, um queijo fabricado na<br />

fazenda. Verdade é que não exagerei ao dizer que o homem de Minas vive de braços abertos ao<br />

forasteiro, num gesto de perene hospitalidade e prodigalidade! (Casais, 1942b: 89).<br />

O ufanismo de José Casais Santaló<br />

Segundo Antenor Nascentes, José Casais [y] Santaló era um galego “cem por cento”<br />

que se orgulhava muito de sê-lo. As três obras publicadas por Casais no Brasil, acima<br />

comentadas, mostram um autor que não ocultava a sua identidade galega, mas que não se<br />

referia a ela porque o intuito no qual se concentrou era o comentário dos lugares que ele<br />

percorria como turista. Nesse corpus evidencia-se que Casais decidira afastar de si o seu<br />

passado como professor de direito, ensaísta e tradutor, especialista em direito do trabalho e<br />

direito civil, e servidor consular espanhol para descobrir as atrações dos lugares brasileiros<br />

que, segundo ele, não eram indicados como destinos turísticos.<br />

Não sabemos qual foi o efeito que nele produziu a sua dupla destituição, por parte<br />

do governo da II Republica e por parte do governo nacional, do seu cargo de funcionário<br />

público, mas a sua trajetória desde meados de 1936 indica que ele se aferrou ao seu refúgio<br />

brasileiro com, literalmente, paixão. Nos seus itinerários gostou de tudo o que viu e<br />

desfrutou sobremaneira do convívio com os aborígines, recebendo das autoridades<br />

governamentais brasileiras e de intelectuais locais bastante apoio para a realização do seu<br />

périplo. Assim, percebe-se que a sua vivência turística aculturou o autor no Brasil, de forma<br />

que na sua última obra – Roteiro balneário – a sua condição de estrangeiro resulta difícil de<br />

entrever ao ficar transmutada na figura de um viajante cosmopolita e erudito nas funções de<br />

repórter. Nas três obras, as suas escassas críticas acerca do que conhecera encaminham-se a<br />

aconselhar como se poderiam aprimorar os serviços que eram oferecidos ao turista, tanto ao<br />

nacional quanto ao estrangeiro. Infere-se que o abandono de Casais da produção ensaística<br />

relativa às ciências jurídicas, e a sua abstração no Brasil turístico, afastaram-no da reflexão<br />

sobre a questão migratória, sobre a qual, na década de 1910, manifestara interesse, e<br />

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