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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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evolucionário” que, até o fim, “foi mantido em situação de direção por assim dizer<br />

honorária – e como simples retórico, por vezes pesado e embaraçoso”. Nessa parte do livro,<br />

Galvão expõe que a constituição de uma aliança com os exilados espanhóis na Venezuela<br />

devera-se a que a Junta Patriótica portuguesa e o Comité Venezolano Pró Democracia y<br />

Libertad de Portugal eram formados por poucos membros. A direção de ambas entidades<br />

tinha sido confiada, além do mais, a “uma maioria de quase analfabetos, sem formação nem<br />

capacidade política, de tendências marcadas comunistas ou filocomunistas” (Galvão, 1961:<br />

92), o que fizera com que a união com os espanhóis fosse o único caminho para reunir<br />

meios materiais e poder, assim, empreender ações contra o salazarismo em favor de um<br />

novo regime democrático representativo. De todas as formas, Galvão faz um retrato<br />

lastimoso do grupo espanhol “antitotalitário” com que pactua, que identifica como a União<br />

dos Combatentes Espanhóis:<br />

Os grupos espanhóis, no seu divisionismo irredutível, embora de acordo com a idéia e integrados na<br />

mesma ansiedade, encontravam-se por demais viciados pelo imobilismo retórico em que haviam<br />

decaído e pela esperança em qualquer acontecimento da política internacional que viesse a derrubar a<br />

ditadura franquista para se interessarem por qualquer movimento de ação direta que, aliás, lhes<br />

parecia utópico, dada a distância a que nos encontrávamos dos objetivos. Apenas um dos grupos –<br />

precisamente o menos numeroso, o mais pobre e, na Venezuela, o mais desorganizado, mas dispondo<br />

na Europa de alguns elementos ativos de incontestável valor combativo, se aliou à Oposição<br />

portuguesa de que eu era em Caracas o representante menos contestado, para a constituição do<br />

Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL). E esse foi o princípio de uma organização de<br />

forças, necessariamente precária, não só pela dificuldade em que estávamos de manter relações com<br />

o exterior, como também pelas dificuldades insupríveis que resultariam de mal se conhecerem as<br />

pessoas representativas de ambas as partes a não ser fácil uma seleção de qualidade para o<br />

recrutamento de comandos (Galvão, 1961: 95-96).<br />

Ora, Galvão é muito confuso quando afirma, por um lado, que na Venezuela não se<br />

constituíra uma oposição eficaz contra o salazarismo e, por outro, que ele negociara a<br />

estruturação do DRIL, junto aos espanhóis da Unión de Combatientes, como representante<br />

do Movimento Nacional Independente (MNI). Esse movimento fora a plataforma de apoio<br />

à candidatura do general Humberto Delgado às eleições à presidência de Portugal do 8 de<br />

junho de 1958. Do seu exílio no Brasil, o general tentara criar de novo o Movimento<br />

Nacional Independente como órgão de coordenação da oposição, mas foi a Associação<br />

General Humberto Delgado fundada no Rio de Janeiro o único meio de auxílio com que<br />

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