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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Anchieta foi autor de Mistério de Jesus (ou Jesus na Festa de São Lourenço), Pregação<br />

Universal e Auto da Visitação (encenada em espanhol) 383 . Matiza, no entanto, Pinto do<br />

Carmo que:<br />

Não mantinha o sacerdote o desejo de criar com os seus espetáculos singelos a arte cênica nacional;<br />

apenas, dela se valia não sem muita dificuldade e originalidade, visto que para dar maior relevo à<br />

obra desdobrava-se como carpinteiro, maquinista e autor. Nos seus rudimentos, lançavam os jesuítas<br />

a célula máter do nosso teatro. Por essa razão, é aceitável a afirmativa de haver sido Anchieta,<br />

cronologicamente, o nosso primeiro teatrólogo (Pinto do Carmo, 1959: 80).<br />

Pinto do Carmo (1959: 80-81) salienta que, no séc. XVII, o Brasil converteu-se em<br />

motivo do teatro espanhol através da obra El Brasil restituido, de Lope de Vega, comédia<br />

sobre a vitória, em Salvador, das tropas ibéricas comandadas por Fadrique de Toledo frente<br />

ao invasor holandês, na qual o Brasil aparece como uma personagem alegórica em forma de<br />

dama índia com um cocar aureolado e uma seta dourada.<br />

Durante o séc. XVIII, estendeu-se a Minas Gerais 384 , e às capitanias litorâneas ao<br />

norte de São Paulo, a encenação de peças teatrais espanholas, havendo-se registrado a<br />

representação de uma dezena de peças na Bahia e em Pernambuco 385 . Assim, na época<br />

colonial a encenação de obras teatrais espanholas teria contribuído para a consolidação do<br />

teatro brasileiro.<br />

No séc. XIX, a essa contribuição uniu-se à proporcionada pelos diretores de teatro,<br />

cantores e atores espanhóis que chegaram ao Brasil para exercer a sua profissão. A meados<br />

desse século destacaram-se José Lapuerta, aportado no Rio em 1842, diretor da primeira<br />

companhia espanhola que estreou no Rio, e o professor de piano, canto, ator e teatrólogo<br />

383 Além do Auto da Visitação de Anchieta, Pinto do Carmo (1960: 80) indica como obras seiscentitas<br />

brasileiras encenadas em língua espanhola Diálogo pastoril [1584], no Espírito Santo; Auto de São Lourenço<br />

(1586); Auto da Vila Vitória [ou de São Maurício].<br />

384 No estudo História da Literatura Mineira, Martins de Oliveira (1963: 108-09) informa que “O teatro em<br />

Minas surgiria ao mesmo tempo em que se povoava a região. A princípio, predominavam as traduções de<br />

peças espanholas, ou eram encenados no original os trabalhos de autores castelhanos”.<br />

385 Segundo Pinto do Carmo (1960: 81-82), em 1717, em Pernambuco, levou-se à cena El conde de Lucanor e<br />

Afectos de odio y amor, de Calderón, e em 1952, por ocasião da aclamação como rei de D. José I, deram-se a<br />

conhecer La ciencia de reynar, Cueba y castillo de amor e La piedra filosofal, ensaiadas pelo compositor<br />

dramático Francisco Sales Silva. Na Bahia representaram-se, em 1729, Fineza contra Fineza, La fiera, El<br />

rayo y la piedra e El monstruo de los jardines, de Calderón; La fuerza del natural e El desdén con el desdén,<br />

de Moreto. Pinto do Carmo acrescenta: “Em princípios do século XVIII, Manuel Botelho de Oliveira, poeta<br />

da nossa fase barroca, membro da Real Academia de Ciências de Lisboa, procurou introduzir o gosto pelo<br />

teatro espanhol. Para isso, escreveu Amor, engaños y celos e Hay amigo para amigo, as quais somente foram<br />

editadas em 1705 e não se sabe se foram representadas. Segundo o ensaísta Eugênio Gomes, o seu teatro,<br />

“não desmerece em nada seus modelos do país de Quevedo...” e Botelho de Oliveira “travestiu-se<br />

inteiramente de espanhol nesses exercícios teatrais”.<br />

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