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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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I. 4. O aparente vazio e as suas causas<br />

Até a década de 1970, foram escassos os estudos sobre a imigração espanhola no<br />

Brasil. A escassez de representações e a insignificante produção cultural são traços<br />

apontados em todas as pesquisas que, desde essa década, se realizaram sobre a matéria e<br />

que, além de preencher essa lacuna, localizando dados, tiveram que se marcar o intuito de<br />

entender por que assim acontecera.<br />

Logo de qualquer aproximação à história das associações galegas no Brasil,<br />

constata-se que não houve coordenação entre elas, ou seja, que nenhuma prevaleceu sobre o<br />

resto e pôde, em conseqüência, orientar um projeto comum (cultural, político, sanitário ou<br />

beneficente). Isso se deveu a que, ao contrário do acontecido nos países hispanoamericanos,<br />

no Brasil os imigrantes galegos, em várias cidades distantes, formaram<br />

colônias de relevância semelhante. Na região Sudeste, a colônia da capital federal até a<br />

década de 1960 – Rio de Janeiro – não teve melhor estruturação associativa que a da capital<br />

do Estado de São Paulo e, esta, também não frente à de Santos. Na região Nordeste, reuniuse<br />

outra colônia quantitativa e qualitativamente importante na capital do Estado de Bahia,<br />

mas a sua estruturação associativa foi autárquica em relação às colônias do Sudeste. Essa<br />

fragmentação, e a conseguinte desconexão, não permitiram publicações comuns. É também<br />

evidente que os imigrantes galegos se integraram bastante na sociedade brasileira e, logo,<br />

que não quiseram redundar na sua diferença mediante atuações de afirmação identitária.<br />

No entanto, no nosso parecer, o traço distintivo dos galegos no Brasil frente aos<br />

galegos hispano-americanos foi o reduzido número que entre eles houve de intelectuais, de<br />

artistas e de asilados. Sem eles, a produção cultural e o ativismo político não puderam ser<br />

intensos. Por um lado, os intelectuais e os artistas galegos que emigraram à Ibero-américa<br />

não escolheram como destino as cidades brasileiras. Obviamente, ao não se haver assentado<br />

em alguma cidade do país nem tão sequer um reduzido número de intelectuais e artistas<br />

galegos, não se criou um âmbito de chamada entre colegas e a decorrente cadeia migratória.<br />

Caberia indagar por que o Brasil, para eles, carecia de atrações. Supomos, embora a nossa<br />

suposição não seja mais que uma especulação, que a língua portuguesa resultou-lhes um<br />

fator principal de rejeição de destino, pois o desconhecimento dela significava um<br />

empecilho para arrumar emprego nas empresas culturais e na academia. Por outro lado,<br />

durante a Guerra Civil espanhola e no pós-guerra, o governo brasileiro não dirigiu<br />

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