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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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proletarizar o mundo” (Las Casas, 1938: 90); ampara a sua convicção a respeito do luxo e a<br />

sua apologia da ânsia pelo luxo, além de no desejo do homem evoluído, com sede<br />

espiritual, de imortalizar na arte os seus desejos e do gozo que sente esse homem perante a<br />

riqueza supérflua e acessória, em um critério que expusera Oscar Wilde e que ele reproduz<br />

como se segue: “a profunda observação de Wilde propenderá sempre a ampliar-se, à<br />

medida que se acentue o progresso humano: nós, homens civilizados, nos diferençamos<br />

porque julgamos imprescindíveis as cousas desnecessárias” (Las Casas, 1938: 90).<br />

Fernando, ao respeito, encerra as suas anotações ditando:<br />

A vida faustosa coincide com os ciclos máximos de todas as civilizações e o frugal e austero só<br />

apenas com as épocas de origem. Quando as nações obtêm ritmo imperial, é quando aparecem os<br />

grandes artistas, que têm possibilidade de realização junto aos príncipes poderosos. Enquanto<br />

satisfazemos necessidades indeclináveis vivemos vida material, carnal, física; quando olhamos para o<br />

que está além da avidez do corpo, ampliamos ilimitadamente o nosso mundo espiritual. Se só nos<br />

dessem o necessário, o mundo desceria pesadamente aos mais baixos níveis da carne; que nos dêem<br />

possibilidade de alcançar tudo o que a nossa imaginação representa, e o mundo erguer-se-á na mais<br />

alegre e fecunda ascensão. Um povo sem a ansiedade de luxo é incapaz de compreender o acessório,<br />

seca as suas fontes mais puras de criação, esteriliza a sua sensibilidade, propende para sentimentos<br />

negativos e corre – queiramos ou não – à beira da subversão; um povo com pendor suntuoso mantém<br />

sempre vivo o seu manancial mais rico de originalidade. Os materialistas empenham-se em reduzir as<br />

ambições ao diário, imprescindível e peremptório; os que têm um conceito espiritualista da vida<br />

devem fortalecer o sentimento do luxo, porque nele se radica uma das mais firmes ilusões da vida,<br />

um dos alvos capazes de exaltar nossas almas, um dos estímulos mais cordiais da generosidade (Las<br />

Casas, 1938: 91-92).<br />

Visando imprimir à “quinta” um ar de elegância e distinção e com a aprovação de<br />

Luiz, quem “foi deixando seus hábitos camponeses”, Fernando cuida da organização do<br />

almoço do seu aniversário. Insere no menu alguns produtos galegos – “vinho de<br />

Cambados” e queijos “S. Simão” e “Arzua” –:<br />

Primeiro um cálice de Saké, esse raro licor que os japoneses fazem com arroz mau e que só nos<br />

limites ocidentais tem alta cotação; depois salada Holstein, com vinho de Cambados, arenques com<br />

pickles, e vinho do Mossela, salmão com salsa tártara, e Sauternes, e peru com presunto de York e<br />

champanhe Keidsieck Ory Monopole – 1919; queijos com Tostado de Banga, 1887 e Porto-Borges<br />

1896. Como gosto muito de queijos, mandei trazer quantas marcas podem encontrar: Holanda,<br />

Ermmenthal, Romadour, Tilsit, Chester, Munster, S. Simão, Arzua, Kümmel, La Mancha,<br />

Gorgonzola, Serra da Estrela, Gruyere, Rochefort, Gervais, Allgaüer, Provolone... (Las Casas, 1938:<br />

95-96).<br />

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