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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Cortes de Lisboa queriam impor. Ao se iniciar a chegada de massas de imigrantes, as<br />

autoridades políticas que fomentaram e organizaram essa vinda não pretendiam que a mãode-obra<br />

forânea efetivasse no país projetos particulares de modos de vida; o intuito inicial<br />

dessas autoridades era o de que os trabalhadores estrangeiros se enraizassem no país e<br />

ajudassem à sua colonização, e, logo, à consolidação da nacionalidade, seguindo os<br />

procedimentos que os poderes públicos estaduais, submetidos aos latifundiários,<br />

marcassem.<br />

As fases de adaptação segundo Florencio Costa<br />

De uma perspectiva sociológica, a emigração, como uma experiência de<br />

desenraizamento, foi estudada por Florencio Costa em Emigrantes obreros en Europa,<br />

(Costa, 1970) 100 . Costa entendeu o desenraizamento como as conseqüências da dissociação<br />

espacial causada pela passagem à vida urbana, nacional ou internacional, de trabalhadores<br />

rurais e como os correlativos ajustes, nas estruturas e nas relações familiares, e nos modos<br />

de socialização. Nessa obra, após serem descritos os condicionamentos econômicos gerais,<br />

e as repercussões, da circunstância migratória na Europa ocidental, foi exposto o processo<br />

de adaptação dos imigrantes aos grupos sociais do país de acolhida 101 . O autor refere-se aos<br />

trabalhadores pobres, de origem rural, que emigram a cidades em que se requer força de<br />

trabalho estrangeira, pouco qualificada, nos serviços urbanos e na atividade industrial. Ele<br />

assinala que, para se incorporar a esse tipo de empregos, por um lado o trabalhador rural<br />

tem, primeiro, que se adaptar à máquina, logo aos horários e, finalmente, à divisão do<br />

trabalho. Por outro lado, de uma atitude ativa, esse trabalhador deverá aprender a se<br />

relacionar e a se solidarizar com os operários autóctones – nacionais –, inserindo-se nas<br />

organizações operárias por eles formadas – sindicatos e comitês de empresa – e entendendo<br />

100 Dentro dos grandes movimentos espaciais humanos, Florencio Costa (1970: 5-6) diferencia entre os<br />

movimentos no interior de um mesmo Estado e os movimentos de ordem internacional. A classificação dos<br />

primeiros dependeria da duração do deslocamento do indivíduo. Assim, esses movimentos seriam<br />

“permanentes” – o nomadismo –, “estacionais” (profissionais ou turísticos), ou “de instalação definitiva” (em<br />

direção às regiões industriais; característicos do fenômeno de urbanização). Dos segundos fariam parte o<br />

turismo internacional, as migrações políticas (conseqüência de mudanças de fronteiras, de soberania, de<br />

regime) e os deslocamentos, temporários ou definitivos, de ordem econômico na procura da promoção social<br />

e de um maior bem-estar. Nestas migrações econômicas, Florencio Costa distingue as migrações de mão-deobra<br />

das migrações de cérebros.<br />

101 Florencio Costa (1971: 30) declara que, frente a outros termos – inserção, assimilação, integração –, optou<br />

pelo de “adaptação” por lhe parecer mais objetivo e com menos ressonâncias de dominação.<br />

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