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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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República e a década de 1930, se assentaram em São Paulo. O capítulo ao que nos<br />

referimos intitula-se O Hespanhol; faz parte do livro Populações Paulistas (Ellis, 1934:<br />

159-68). Esse trabalho de Alfredo Ellis inicia-se com uma exposição da cronologia e das<br />

cifras censuais da imigração espanhola em São Paulo. Em contraste com a idiossincrasia<br />

dos colonos italianos, o autor logo salienta as similitudes existentes entre ela e o talante e as<br />

atitudes dos espanhóis destinados à lavoura no interior do estado. Alfredo Ellis nota que<br />

tanto os espanhóis quanto os italianos emigravam em grupos familiares de “índole rural”,<br />

mas também informa que observara que os espanhóis solteiros eram mais proclives que os<br />

italianos a se “cruzarem” com mulheres paulistas. No entanto, assinala que a grande<br />

tradição cultural dos espanhóis, superior a dos italianos, fazia com eles resistissem mais à<br />

sua assimilação na nacionalidade brasileira. O autor, embora, por um lado, frise a bagagem<br />

de cultura tradicional que possuíam os espanhóis, diz, por outro,que, em comparação aos<br />

imigrantes de todas as demais nacionalidades localizadas em São Paulo, os espanhóis eram<br />

os que possuíam uma menor instrução. De todas as formas, destaca que, na década de 1930,<br />

já se podia constatar a plena integração e a dissolução dos espanhóis no meio social<br />

brasileiro:<br />

Eles também, como os italianos, com suas famílias formadas, suas mulheres a lhes auxiliarem, seus<br />

filhos crescendo laboriosos, se fundiram paulatinamente no cadinho da nacionalidade.<br />

Até os nomes e os seus apelidos se nacionalizaram rapidamente, cousa que, na verdade, requeria<br />

pouquíssimos esforços, dada a similitude entre o nosso idioma e o castelhano. Foi por isso que os<br />

Martinez se fizeram Martins; os Fernandez se tornaram Fernandes; os Perez em Peres, etc.<br />

O hespanhol mais altivo, mais arrogante, mais palavrosamente independente, tinha também uma<br />

tradição nacional mais arraigada e mais nítida do que o italiano, o qual sob esse aspecto era mais<br />

frágil. Talvez por esse motivo o hispânico tenha sido um elemento mais difícil de assimilar-se. Nem<br />

por isso entretanto resistiu muito à fusão, quando pelo correr dos anos, pelo contacto mais constante<br />

com os demais, ele teve que dobrar o cerviz (Ellis, 1934: 160-61).<br />

Alfredo Ellis acredita que o temperamento rebelde e altaneiro dos espanhóis, ainda<br />

quando plebeus e pobres, fez com que eles abandonassem o trabalho assalariado agrícola<br />

nos latifúndios cafeeiros para se tornarem proprietários de pequenos sítios nas novas zonas<br />

desbravadas do Nordeste paulista e na Alta Sorocabana e assim poderem trabalhar por<br />

conta própria. O autor nota que quando o imigrante espanhol adquiria a sua própria terra e<br />

reunia um mínimo pecúlio “se sente um potentado feudal e se lhe acorda toda a<br />

ancestralidade rumorosa que no mundo pintou o hespanhol, um terno Dom Quixote, esse<br />

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