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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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tropa e os oficiais. Passa logo a narrar como se organiza a defesa da República na<br />

Dirección General de Seguridad. Salienta que se improvisam milícias e que se luta contra<br />

os revoltosos fascistas que, dos telhados, disparam contra os milicianos e destaca que fora<br />

sufocada e esmagada a rebelião no quartel de la Montaña.<br />

Uns dos aspectos da tomada do controle da província de Madri pelos milicianos em<br />

que mais se detém Soares são o da destruição e queima de igrejas e o do assassinato de<br />

padres e freiras. Revolta-se com a destruição do patrimônio artístico e horroriza-se com o<br />

trucidamento dos religiosos, ações que narra pormenorizadamente. O assassinato do<br />

proprietário do hotel em que se alojava faz com que ele tenha que se mudar. Procura, então,<br />

a Embaixada do Brasil em Madri, aonde o conduzem duas jovens milicianas. Nela, o<br />

embaixador Dr. Alcebiades Peçanha comenta-lhe qual era a situação da Embaixada no<br />

Madrid controlado pelas milícias:<br />

– O senhor está em casa, se bem não mais seguro que no hotel. Lembre-se de que esta embaixada<br />

tem sido particularmente visada nestes últimos tempos pelos comunistas, por causa da questão<br />

Prestes. Sua mãe e sua irmã andaram por aqui e chegaram a convulsionar a Espanha toda. O povo<br />

ficou conhecendo o Brasil como um dos acérrimos inimigos do comunismo. A embaixada foi<br />

tiroteada e eu quase morto. É bem possível que nos venham agora alguns dissabores de represália<br />

(Soares d’Azevedo, 1936: 34-35).<br />

A essa animadversão que, segundo o embaixador, havia na Espanha republicana<br />

contra o governo do Brasil, somara-se a irritação provocada pela chegada da notícia de que<br />

o deputado Adalberto Corrêa solicitara ao governo brasileiro que não fossem aceitas as<br />

credenciais do novo embaixador enviado ao Brasil pela II República.<br />

Na relativa calma que lhe proporciona o seu refúgio na Embaixada do Brasil, Soares<br />

esboça um primeiro quadro sobre a relação de forças que se enfrentam na contenda. Ao<br />

longo do livro, ele salienta a evolução da guerra destacando as províncias em que se<br />

consolidam as posições de cada bando e aquelas que, pela ação das tropas, passam de ser<br />

zona nacional a zona controlada pelos republicanos 353 .<br />

353 A primeira valorização sintética que elaborou Soares d’Azevedo (1936: 35-36) sobre as áreas do território<br />

espanhol que controlou pela República e sobre as províncias que tomaram os sublevados é esta: “Antes de<br />

mais nada, já se pode afirmar que, das cincoenta e duas províncias espanholas, vinte e oito estão em poder dos<br />

sublevados. Já se sabe também que a nata do exército espanhol se acha com os sublevados. Sabe-se ainda que<br />

a Phalange Espanhola, os carlistas, os monárquicos, os fascistas, os republicanos da direita, os católicos e as<br />

massas conservadoras formam um único bloco. Do lado do governo, estão os partidos políticos, os<br />

funcionários públicos das últimas categorias, os mineiros das Astúrias, os comunistas, os socialistas, a<br />

gentalha da rua, os desempregados. As tropas de assalto foram constituídas pelo ex-presidente Alcalá Zamora,<br />

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