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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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(15/11/1889), uma ambiciosa política de atração de milhares de imigrantes, tomaram-se<br />

medidas para evitar que a concentração deles não derivasse na aparição de guetos de<br />

estrangeiros que logo seriam difíceis de assimilar – abrasileirar –. Esperava-se que esses<br />

imigrantes se radicassem no Brasil, mas que não afetassem as essências identitárias<br />

brasileiras; ou seja, esperava-se que os imigrantes se aculturassem e se convertessem em<br />

brasileiros. Durante a República Velha, foram também motivo de preocupação as<br />

articulações políticas e as mobilizações reivindicatórias dessa mão-de-obra estrangeira em<br />

torno do anarquismo e do sindicalismo revolucionário devido às perturbações da ordem<br />

nacional que, na apreciação das autoridades, provocavam. A segunda é que, na década de<br />

1930, houvera um grave momento de inflexão no funcionamento das associações que<br />

constituíram os estrangeiros e no desenvolvimento dos projetos educativos e culturais que<br />

promoveram os estrangeiros. Como conseqüência das medidas ditadas pela política<br />

nacionalista e pela doutrina da segurança nacional da Era Vargas (1930-1945), as<br />

atividades dessas associações passaram a ser estreitamente fiscalizadas pelas autoridades,<br />

sendo intervindas e fechadas aquelas associações consideradas perigosas para os interesses<br />

nacionais. Em terceiro lugar, reparei em que, ao contrário dos imigrantes, houvera<br />

estrangeiros não-imigrantes – exilados lato sensu, turistas, professores convidados,<br />

jornalistas, diplomatas – dos que não se esperava que se arraigassem no Brasil nem se<br />

aculturassem, mas dos que se esperava que, caso produzissem discursos sobre o Brasil,<br />

contribuíssem com o país que os recebera captando e divulgando imagens positivas do<br />

território e da sua nação. Por último, por um lado comprovei que nas ações desses<br />

estrangeiros não-imigrantes, e na produção cultural em que elas eram recolhidas, foram<br />

marginalizados, como assunto, os traços da presença dos estrangeiros imigrantes,<br />

parecendo que essa matéria não constituía um alvo atraente que merecesse registro. Por<br />

outro lado, observei que os estrangeiros não-imigrantes que se dedicaram a escrever sobre<br />

as coisas do Brasil desprezavam ou ignoravam a produção que, a esse respeito, fora<br />

elaborada, ou que contemporaneamente estava sendo composta, por outros estrangeiros<br />

não-imigrantes de posição análoga e disposições semelhantes, o qual apontava o que<br />

parecia ser uma reclamação de originalidade e exclusividade na visão do Brasil e na<br />

correlativa emissão de impressões.<br />

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