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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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italiano Paulo Ranci para tomar uma chícara de café, e na vila encontra crianças angelicais<br />

que contrastam com as mal-tratadas de Céu (“As crianças que nos cruzam nas ruas, vêm<br />

beijar-lhe [ao vigário] a mão, e – anjos de candor e de inocência! – querem beijar também a<br />

minha”); em Óbidos lembra os portos da costa galega “assim risonhos e amorosos”; em<br />

Santarém percebe a abundância da toponímia portuguesa no lugar (“Estamos numa zona<br />

coberta de toponímias lusitanas: Óbidos, Belém, Santarém, Vista-Alegre, Sintra, Faro,<br />

Bragança, Alcobaça, Almeirim...”) e em Cocal poja de novo para comprar cigarros(“São<br />

cinco horas. O barman esgotou seu “stock” de cigarros e há três horas que estou sem fumar.<br />

Salto em terra. Fico assombrado vendo que neste botequim paupérrimo se vendem as<br />

marcas mais diversas e caras, e em melhores condições que a bordo”). Quando, em<br />

Jararaca, alcança o estuário do Amazonas, Las Casas narra o impacto que lhe produz a<br />

contemplação da paisagem. Diz que, se dele dependesse, denominaria esse estuário “Porta<br />

do Céu”, pois ele duvida que “no mundo haja perspectivas semelhantes” e vaticina: “E este<br />

será o grande pórtico onde sairão, um dia, o dia fáustico dos grandes mitos renovados, a<br />

dizer ao mundo que no Paraíso Terrenal Amazônico surgiu uma Humanidade nova” (Las<br />

Casas, 1939: 46).<br />

No Capítulo IV – O empório vazio –, Las Casas descreve Sta. Maria de Belém do<br />

Grão Pará, cidade que lhe parece “lindíssima”, elegante e de um ar que “tem qualquer coisa<br />

de genovês” – “metade quartel general e metade porto mercantil” –, e na qual desembarca.<br />

Na descrição de Belém, mantém o mesmo modelo que usara com Boa Vista e Manaus, isto<br />

é, resume primeiro a história da urbe e logo refere-se à sua vida cultural. Na resenha da<br />

história da cidade, o autor assinala o papel desempenhado por ela durante a União<br />

Ibérica 536 . Após citar e caracterizar os principais monumentos da cidade, apostila “Justo é<br />

reconhecer que todos esses monumentos, em geral, estão bem conservados e são<br />

restaurados cuidadosamente” (Las Casas, 1939: 49). Todavia, observa que, esgotado o ciclo<br />

536 Las Casas sempre destaca as conseqüências havidas no Norte do Brasil da União Ibérica ou a rivalidade<br />

hispano-lusa na marcação das fronteiras brasileiras. Já no primeiro capítulo – Navegando o rio Branco –, Las<br />

Casas (1939: 9) mencionara os vestígios da luta fronteiriça entre portugueses es espanhóis na região ao redor<br />

do castelo de São Joaquim, em Roraima. No Cap. IV – O empório vazio – refere-se à importância do, no séc.<br />

XVII, acampamento de Belém para o desbravamento, e o comércio, dos sertões setentrionais: “daqui saíram,<br />

em direções opostas, os conquistadores e os traficantes, soldados e mercadores, que, heróica ou<br />

economicamente, serviam à católica e hispânica majestade dos Filipes. Extraordinários foram então o valor<br />

militar e a importância econômica de Belém, e não houve capitão que não cobiçasse seu mando nem casa rica<br />

que ignorasse os seus tesouros. Daquela era imperial conservam-se a igreja de Santo Antônio, construída em<br />

1626, e o convento dos Mercedários, cuja construção data de 1639” (Las Casas, 1939: 48).<br />

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