26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em todas as suas formas o Brasil, em essência, nunca se alterou, só se desenvolveu para constituir<br />

uma personalidade nacional cada vez mais forte e mais consciente de si própria. Na sua política, quer<br />

interna, quer externa, o Brasil inabalavelmente revelou sempre o mesmo método, porque refletia a<br />

alma de milhões e milhões: resolução pacífica de todos os conflitos, mediante conciliação recíproca<br />

(Zweig, [1941] 1960: 62).<br />

Zweig assevera que no Brasil havia uma absoluta igualdade entre os cidadãos na<br />

vida pública e na privada – “na escola, nos empregos, nas igrejas, nas profissões e na vida<br />

militar, nas universidades, nas cátedras” (Zweig, [1941] 1960: 8). Ele louva a tolerância<br />

natural dos brasileiros, a qual impedira, em primeiro lugar, as perseguições religiosas (“o<br />

Brasil é uma nação em que não existiram nem perseguições religiosas sangrentas, nem<br />

fogueiras de inquisição” Zweig, [1941] 1960: 12), em segundo lugar, a ignomínia sobre os<br />

escravos (“Em nenhum outro país os escravos foram tratados relativamente com mais<br />

humanidade” Zweig, [1941] 1960: 12), e, em terceiro lugar, crises políticas que derivassem<br />

em regimes abjetos ou em vocações imperialistas que ameaçassem os outros países do<br />

continente. Este terceiro ponto é, assim, exposto por Zweig:<br />

Mesmo suas revoluções interiores e mudanças de regime se efetuaram quase sem derramamento de<br />

sangue. Os dois imperadores, que a vontade do Brasil de se tornar independente fez deixarem o país,<br />

dele se retiraram sem sofrer vexames e, por isso, sem ódio. Mesmo após rebeliões e intentonas que<br />

foram sufocadas, desde a independência do Brasil os cabeças não pagaram o ato de insurreição com a<br />

vida. Quem quer que governe o povo brasileiro, inconscientemente é forçado a adaptar-se a seu<br />

espírito de conciliação; não constitui uma casualidade o fato de o Brasil – que entre todos os países<br />

da América durante decênios foi a única monarquia – ter tido como o imperador o mais democrata, o<br />

mais liberal de todos os soberanos. E hoje, que o Governo é considerado como ditadura, há aqui mais<br />

liberdade e mais satisfação individual do que na maior parte dos nossos países europeus (Zweig,<br />

[1941] 1960: 12).<br />

Apesar do predomínio de uma visão ufanista e ilusória sobre o Brasil, na prosa de<br />

Zweig também se assinala que ainda havia imperfeições no país, embora se pontualize que<br />

já se iniciara a execução dos planos para resolvê-las. As imperfeições que, para o autor,<br />

afastavam o país do estado ideal eram: a “maneira de vida” de uma grande parte da<br />

população, inferior à “maneira de vida” predominante na Europa; as escassas e<br />

rudimentares “atividades técnicas” e a incipiência da indústria; os desajustes no<br />

“mecanismo da administração”; o primitivismo do interior do país; e as “pequenas faltas de<br />

106

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!