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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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existia só na vida ultra-terrena, embora, partindo do amor e do serviço à pátria, Las Casas<br />

acredite que haja que tentar compreender, e respeitar, todos os povos do orbe. Uma outra<br />

lição que Las Casas tira da vida de Cristo, quem não foi profeta na sua terra –na sua pátria –<br />

e que foi condenado pelo seu povo – pela sua nação – , é a da assunção de que a dedicação<br />

desinteressada e sábia à pátria quase nunca é reconhecida por aqueles aos que se serve, pois<br />

as multidões só respondem aos impulsos mais vis. O autor crê que os bons estadistas<br />

sempre serão impopulares porque terão que agir na condução danação sem se deixar<br />

influenciar pelas multidões. Assim, ele conclui:<br />

O aplauso fácil das multidões só se consegue descendo ao nível dos seus anseios mais baixos, e<br />

temos a obrigação de caminhar sempre para cima. As multidões pesam como o chumbo, e a lei da<br />

gravidade acentua-se nelas pavorosamente; se somos conscientes das nossas mais transcendentais<br />

obrigações, temos de sentir o dever constante de ampará-las, de suste-las, de levantá-las – de dar-lhes<br />

fitos longos e altos, e de torturá-las na sua procura.<br />

O reino de Cristo não é deste mundo e a grandeza da pátria não é nunca do nosso tempo. O bom<br />

cristão dedica-se a preparar a vida ultra-terrena; o bom patriota tem de se dedicar a preparar o porvir<br />

da sua Nação (Las Casas, 1937b: 97).<br />

Para definir o quê é “nação”, Las Casas ao contrário do que fizera com “pátria”,<br />

recorre a diversos autores (Renan, Jellinek, Haurion, Manzini, Duran, Ventosa, Spengler,<br />

Prat de la Riba e Graça Aranha). Após expor os pareceres desses autores sobre o conceito<br />

“nação”, ele dá, e explica com afã docente, a sua definição particular, baseada na fusão do<br />

conceito nação com a existência de uma etnia, fusão à qual se chega espontaneamente pelo<br />

pacto entre famílias ligadas por laços de parentesco e por semelhanças diversas. A nação é,<br />

segundo ele, o resultado de um sentimento moral, e é anterior ao indivíduo pois procede do<br />

jus sanguinis; assim, esse indivíduo, a despeito da sua vontade, nunca se poderá<br />

desvincular já que a sua personalidade está, de um modo absoluto, ligada à sua<br />

nacionalidade. Salienta que, para ela existir, uma comunidade de sujeitos deve compartilhar<br />

idioma, princípios religiosos e costumes, deve sentir a comunhão de um mesmo passado e<br />

se vestir de maneira análoga, quer dizer, ele crê que “a Nação está em nós”. A fronteira<br />

entre as nações percebe-se onde se captam as mudanças na morfologia do modo de ser<br />

comunitário. Portanto, quando o acordo de co-participação e solidariedade entre os<br />

membros da comunidade se rompe, a nação fragmenta-se e degrada-se e pode desaparecer,<br />

e esses indivíduos deixam de se sentirem identificados, e de serem reconhecidos como<br />

pares nacionais, no seio dessa comunidade, passando a se integrarem em uma outra,<br />

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