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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Pepe Velo. Isto é, a sugestão da publicação partira de Ecléa Bosi, quem, no entanto, lhe<br />

acabou solicitando a Pepe Velo que não fosse ele quem assinasse o prólogo.<br />

Perguntamos a Victor Velo quais ele cria que eram os motivos que explicariam a<br />

aculturação e assimilação dos galegos de São Paulo. Ele salientou que um dos motivos<br />

básicos para a reivindicação da causa nacionalista galega – a língua – não se podia explorar<br />

no Brasil, ao não ser crível a desvinculação, da lusofonia, do galego. Além disso, ele dissenos<br />

que, ao ele se assentar na cidade de São Paulo e conhecer os imigrantes galegos<br />

residentes na cidade, teve a impressão de que eles tinham uma formação cultural inferior<br />

em comparação com os galegos com os que ele convivera em Caracas.<br />

Victor Velo não freqüentou nenhuma das associações de imigrantes espanhóis em<br />

São Paulo; Pepe Velo, a partir de 1962, também não. Pepe Velo concentrou, sobretudo, a<br />

sua militância em prol do galeguismo na sua produção ensaística e poética. Seu filho frisa<br />

que Pepe Velo não abdicou nem dos seus ideais nem dos seus objetivos políticos, mas o<br />

certo é que a livraria Nós, que Velo fundou com um não-galego [González Lorente], se<br />

converteu, em plena ditadura brasileira, em um ponto de encontro de democratas<br />

intelectuais brasileiros e não em um espaço agregador de galegos. Por sua vez, o periódico<br />

Paraíso – 7 dias estava destinado ao bairro Paraíso e não à coletividade de galegos<br />

imigrantes; além disso, a apresentação do livro Poesias denota que se pensara que ele seria<br />

consumido por leitores brasileiros.<br />

A meados da década de 1960, Pepe Velo comprou uma chácara no município<br />

mineiro de Extrema, no centro da Serra da Mantiqueira, no linde de Minas com o Estado de<br />

São Paulo, e lá, na companhia de sua esposa Jovita, começou a passar longas temporadas,<br />

desfrutando de uma paisagem que lhe lembrava à Galiza e, ciente da sua doença,<br />

escrevendo com constância e veemência. Victor Velo ressaltou que Pepe Velo sentia mágoa<br />

e reagia com especial repulsão perante o que percebia como o “nacionalismo<br />

envergonhado” e como a falta de auto-estima dos galegos. Isso transmitia a Velo a sensação<br />

de que Franco tinha vencido definitivamente. A produção inédita de Velo, se publicada,<br />

deixará patente a sua convicção no caráter nacional da Galiza e mostrará o intelectual e<br />

revolucionário que, em palavras de seu filho, foi, em São Paulo, “um animal que vivia a<br />

Galiza 24 horas”. Assim também o expressou o jornalista português Miguel Urbano<br />

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