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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Dada a circunstância bélica em que estavam submersas a Europa e os Estados<br />

Unidos – Brasil, país do futuro foi publicado no Rio em 1941 –, a descrição do Brasil<br />

composta estava destinada aos consumidores brasileiros. Assim, Zweig, apesar de ser um<br />

estrangeiro havia pouco retirado no Brasil, dirige explicitamente o seu exame do país aos<br />

habitantes do país. Zweig matiza, no entanto, que a imensidão do Brasil sempre impediria o<br />

conhecimento pleno deste, inclusive quando se colocasse todo o tempo de uma vida para<br />

esse fim. As suas viagens não o levaram até o Centro-Oeste, nem à Amazônia, nem ao<br />

interior dos estados do Sudeste e do Sul, restringindo-se à “orla da civilização do Brasil”.<br />

Devido a isso, informa que não lhe fora possível:<br />

Expender conclusões definitivas, predições e profecias sobre o futuro econômico, financeiro e<br />

político do Brasil. Os problemas do Brasil relativos à economia, à sociologia e à civilização são tão<br />

novos, tão especiais e, sobretudo, dispostos de modo tão indistintos, em conseqüência da vastidão do<br />

país, que cada um deles exigiria um grupo de especialistas para esclarecê-lo inteiramente. É<br />

impossível ter uma noção completa dum país que ainda não tem uma vista de conjunto de si próprio e<br />

se acha em crescimento tão rápido que toda estatística e todo relatório já estão atrasados quando<br />

impressos (Zweig, [1941] 1960: 7).<br />

No Prólogo, em uma aparente contradição, Zweig expressa que comprovara ser<br />

inviável o seu propósito de descrever o Brasil. Contudo, diz que manteve esse propósito,<br />

mas que tivera que limitar o alvo da sua análise ao aspecto brasileiro que julgava mais<br />

atual, e de relevância espiritual e moral, por servir de exemplo de união e tranqüilidade para<br />

todos os países do mundo. Esse aspecto era o convívio pacífico, no Brasil, entre os sujeitos<br />

de diferentes raças, credos, ideologias e condições econômicas. Zweig opina que se<br />

encontrara uma solução feliz para um problema que, devido à “constelação particularmente<br />

complicada” da sociedade brasileira, podia-se ter convertido no seu maior perigo. Esse<br />

risco inerente ao Brasil pela sua composição foi, como se segue, exposto por Zweig, quem<br />

explica as causas pelas quais, apesar de o risco ser patente, ele não se transformara em um<br />

problema:<br />

O Brasil, pela sua estrutura etnológica, se tivesse aceito o delírio europeu de nacionalidade e de<br />

raças, seria o país mais desunido, menos pacífico e mais intranqüilo do mundo. Nele ainda são<br />

nitidamente reconhecíveis, já nas ruas, as diversas raças e sub-raças de que é constituída sua<br />

fez no ponto de vista da centralização, da autonomia e do saneamento do país. [...] Quem vê o que aqui se fez<br />

e ao mesmo tempo sabe o que ainda está por fazer, tem certeza de que o vencerem-se todas as dificuldades é<br />

apenas uma questão de tempo. Mas cumpre não esquecer que o tempo mesmo já não é um padrão uniforme,<br />

que ele se acelerou pelo impulso da máquina e pela inteligência humana”.<br />

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