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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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narrativa abaixo reproduzida, baseia-se no significado que ele dá a três experiências vividas<br />

na sua breve estada na Galiza. Admirara-o a metamorfose em brasileiros dos galegos<br />

retornados aos olhos dos seus conterrâneos, o qual, para ele, demonstra a sincera filiação<br />

desses imigrantes aos valores patrióticos brasileiros. Nesse sentido, a aculturação no Brasil<br />

que esses retornados mantêm é diretamente proporcional às falhas na sua reculturação.<br />

Madureira fica surpreendido e contentado com a teima dos “galego-brasileiros” em<br />

paparicá-lo. Os agrados parecem-lhe demonstrações do afeto que os galego-brasileiros<br />

devem aos oriundos da nação que os acolhera e interpreta-os como sinais da irmanação<br />

conseguida entre os galegos e os brasileiros. Assim, a refeição com que o regalam, em<br />

aceno de simpatia e reconhecimento, é uma feijoada. Ele comove-se também ao ver que<br />

esses galego-brasileiros hastearam, na sua homenagem, a bandeira do Brasil.<br />

Contudo, ele não repara que a sua visão é unidirecional. Os galegos retornados do<br />

Brasil sabem-se comportar, no seu espaço nativo, como brasileiros e, com empatia, sabem<br />

afagar o visitante brasileiro em prova do aplauso que, supostamente, lhe devem. Na visão<br />

de Madureira, os galegos não são, portanto, brasileiros, por fazerem parte da nação<br />

brasileira senão porque conhecem e admiram o Brasil, sabendo manifestar perante os<br />

brasileiros esse conhecimento e essa admiração.<br />

Essa disposição dos imigrantes galegos retornados não vai acompanhada de<br />

reciprocidade por parte de Madureira. Ele deleita-se com o abrasileiramento desses<br />

retornados na Galiza, mas ele, em nenhum momento, menciona que se chegasse a sentir um<br />

pouco galego. Isto é, ele não diz que os brasileiros são galegos na Galiza. Como<br />

conseqüência das suas experiências turísticas e do seu aprendizado como bolsista do<br />

Instituto de Cultura Hispânica, Madureira sente-se um hispânico. Ele, de fato, nada deve à<br />

Galiza a não ser os agradáveis momentos que desfrutou durante os seus passeios. Eis o<br />

relato de Madureira:<br />

Não poderíamos pois, como dizíamos acima, deixar sem registro, sem uma especial menção o fato de<br />

que todos os galegos que aí estão ou aí viveram são chamados aqui na sua terra, na Galícia, de<br />

brasileiros e como tal são tratados. E não pense o leitor que êsse título, êsse modo de tratamento<br />

implique em um simples apelido, um modo de tratar; notem bem: o título de brasileiro dado a esses<br />

espanhóis galegos que aí estão vivendo ou aí viveram, é um título carinhoso, um modo de expressar a<br />

admiração, a simpatia, e por que não dizer, o amor por nossa Pátria, pelo querido Brasil nosso.<br />

Desejamos que o caro leitor empreenda uma viagem à Galícia e ficará, estamos certos, tão<br />

emocionado, tão assombrado agradavelmente quanto ficamos nós. Durante nossas andanças pelas<br />

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