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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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espaço em que elas estiveram foi ou ocupado ou teve as suas dimensões mudadas, o que faz<br />

com que as partículas já não se possam de novo acoplar.<br />

A grande descoberta para as partículas deslocadas não reside na viagem de ida, pois<br />

elas percebiam que eram arrastadas rumo ao ignoto. A grande descoberta surge quando elas<br />

são transportadas de volta. Se isso chega a acontecer, tomarão conhecimento que a<br />

tempestade final, por muita força que tenha, não será capaz de colocá-las de volta na duna<br />

de origem. Será, então, quando descubram a verdade da sua condição.<br />

Desde meados do séc. XIX, com a consolidação dos sistemas políticos baseados na<br />

idéia de nação, o sujeito migrante, como emigrante, é um nacional ausente. A ordem da<br />

migração, no seu duplo componente de ordem de emigração e de ordem de imigração, está<br />

fundamentalmente ligada à ordem nacional. Assim, dentro da ordem dos Estados e,<br />

portanto, na ordem política e jurídica, um galego emigrante é um espanhol, ausente, que se<br />

encontra no estrangeiro. Esse sujeito migrante, como imigrante, é um indivíduo nãonacional<br />

presente no seio de uma ordem nacional.<br />

Quando os imigrantes são sujeitos não-nacionais do país de imigração, eles, de<br />

direito, são excluídos da participação política nesse país. Simultaneamente, por serem<br />

emigrantes, na sua nação questionam-se os seus direitos políticos por eles estarem ausentes.<br />

Com freqüência, a exclusão política do emigrante, sobre a qual pende a extensão à<br />

exclusão, ou limitação, jurídica dele, vai precedida da auto-exclusão, pois o emigrante intui<br />

a sua deslegitimação. Logo, o emigrante opta por se antecipar à declaração da sua morte<br />

cívica. Essa auto-exclusão pode ser acompanhada da reivindicação do estigma que a<br />

provocou. A assunção da discriminação motivada pela permanência na emigração/<br />

imigração fez às vezes com que os migrantes compreendessem a sua alteridade, tomando<br />

para si, de forma ativa, as representações do internacionalismo.<br />

No país de imigração, cabe que os imigrantes marginalizados das representações da<br />

ordem da nacionalidade assumam esquemas nacionalistas análogos aos elaborados pelos<br />

que os preterem, isto é, pelos sujeitos nacionais nativos. É quando os imigrantes<br />

reivindicam o estigma do enquistamento hermético em relação à sociedade de acolhida. Em<br />

ambas as ordens da migração, entre os migrantes podem, então, surgir identidades<br />

quiméricas, pseudonacionalidades ou idiossincrasias íntimas.<br />

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