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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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ajudar o seu país se leva os aportes do seu aprendizado, isto é, os hábitos sociais, mentais e<br />

morais adquiridos no país da imigração.<br />

O desequilíbrio da relação bilateral estabelecida nos tratados de emigração/<br />

imigração por parceiros desiguais reflete-se, no dia-a-dia, na maior autoridade que tem uma<br />

das partes contratuais – o país de imigração – para a regulamentação da vida do sujeito<br />

migrante. É o país de imigração o que legisla impondo as condições de entrada, de estadia e<br />

de trabalho dos migrantes. E é o país de imigração a parte mais capaz para pautar o fim do<br />

fluxo de imigrantes e a única que tem poder real para fazer regressar os trabalhadores ao<br />

seu país. A moradia, a saúde, a educação, quase toda a assistência aos trabalhadores,<br />

dependem, pois, da dimensão imigratória do fenômeno, e só a dimensão emigratória poderá<br />

cobrar importância na assistência a esses trabalhadores quando mude a correlação de forças<br />

na relação bilateral, isto é, quando a dimensão emigratória deixe de ter que se submeter aos<br />

critérios socioeconômicos traçados da dimensão imigratória. Nesse caso, suprimir-se-á a<br />

definição de imigrantes e a condição, de direito, dos sujeitos deslocados será simplesmente<br />

a de estrangeiros. Com isso, juridicamente, demonstrar-se-á que as partes reconhecem<br />

reciprocamente a sua condição de pares em níveis de desenvolvimento socioeconômico e<br />

que consideram que a sua autoridade política é semelhante.<br />

Sayad (1998: 242) enuncia que, enquanto não fiquem anulados os fatores de<br />

discriminação, os contratos referir-se-ão às condições de migração de mão-de-obra e não ao<br />

reconhecimento, entre as partes contratantes, do direito de os seus cidadãos transitarem pelo<br />

espaço que não se corresponde com o da sua nacionalidade, e nele residirem. Na ausência<br />

de paridade, as cláusulas da reciprocidade são puramente formais; essa assimetria contém<br />

uma relação de poder em que a parte que acolhe os imigrantes demanda à outra o<br />

compromisso para assumir planos de cooperação dirigidos à ordenação do fluxo de mão-deobra.<br />

Perante a própria consciência e o crivo da sociedade de origem, o abandono<br />

voluntário da pátria, embora se converta em um fenômeno corriqueiro ao ficar inserido em<br />

uma realidade de multidões, só é aceito com cumplicidade objetiva quando se justifica que<br />

ele mutuará bem-estar econômico e distinção. Apesar dessa conivência e apesar de o<br />

imigrante deixar mais espaço vital para os que permanecem, ele arrisca-se a ser acusado de<br />

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