26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

nos ollos/ dos que teñen de tristura morta a ialma,/ unha noite de limpas craridades,/ a moza da<br />

vinganza,/ tiróuse ao río... Sin que ninguén a vira,/ morréu nas nidias ondas, afogada.// ¡Deus salve á<br />

Raíña!/ ¡Deus salve á bandeira inglesa!/ ¡O cacau é noso, pro colleitalo/ non val a pena! (García,<br />

1977: 45). 639<br />

A miséria das gentes do Nordeste é também salientada por García no poema<br />

Cuadros de Portinari (García, 1977: 95-96). Esse poema remete-nos à época em que o autor<br />

esteve no Brasil, pois, sendo publicado Brasil, historia, xente e samba-canción em 1977 e<br />

havendo falecido Portinari em 1962, García, em nota de rodapé qualifica Candido Portinari<br />

como “O melhor pintor brasileiro dos nosos dias”. De um homem nordestino retratado em<br />

um dos quadros que o autor teria mirado, diz-se: “Ao derradeiro diles, o amaecer semella,/<br />

unha cobra coorida, coma que vén e vái,/ cos seus ollos brilantes, maliños e perversos,/ que<br />

non deixóu pozón nos homes do Ceará.”; a partir dos retratos de Portinari, o autor o<br />

seguinte sobre as mulheres nordestinas: “Eu que son un boi manso que só, na terra firme,/<br />

as súas mouras poutas consegue apousentar,/ dóiome moito delas, que non teñen na vida,/<br />

nin unha fror de dalia que poñer nun altar.”.<br />

O poema Winnia e Diva (García, 1977: 46-54), poema do amor e da morte – o<br />

poema mais extenso de Brasil, historia, xente e samba-canción – trata dos amores entre um<br />

senhor – Winnia, casado, “calvo e feo”, forasteiro no Brasil –, aficionado a tocar o violino,<br />

e uma moça – Diva, solteira, bahiana –, “trinta anos/ mais nova do quil” (“il, un home<br />

vello,/ i ela, unha meniña”). Ela, na companhia de sua mãe, chegara, para estudar, à cidade<br />

onde também se encontrava o forasteiro – Rio de Janeiro –. O retrato que faz o autor de<br />

639 As notas de rodapé do poema Coroneis, cabras, un morto e a muller da vinganza mostram o estranho<br />

critério seguido por García Rodríguez na seleção dos vocábulos cujo esclarecimento ele considerou<br />

necessário, pois, se por um lado, ele explica o significado das palavras do português do Brasil inseridas no<br />

poema – por sua vez adaptadas, na ortografia, ao livre arbítrio do autor, ou, simplesmente, deturpadas –, com<br />

vistas, provavelmente, a facilitar a sua compreensão a leitores não-brasileiros, isto é, à maioria dos seus<br />

possíveis leitores, por outro, ele define vocábulos galegos, do léxico fundamental, cujo sentido, supostamente,<br />

não albergaria dificuldade alguma a um leitor galego. Tenha-se em conta, além disso, que, nessas notas de<br />

rodapé, as explicações do significado dos termos consiste, na maior parte dos casos, na indicação do sinônimo<br />

em castelhano, o qual nos faz supor que o produtor esperava que Brasil, historia, xente e samba-canción fosse<br />

lido por consumidores não-galegos ou por galegos que não entendessem a sua língua. Eis as palavras que ele<br />

anota: “CORONEIS.– Poderíamoslle chamar caciques políticos; CULTURAS.– No castelán cultivos;<br />

CABRAS.– Garda corpos, no castelán escoltas, matores; PARVA.– Que non tén todo o senso, coitadiña. No<br />

castelán deficiente mental; PIRAÑAS.– Peixes carnívoros; ABRICHOCADOS.– No castelán salidos, fuera<br />

de las órbitas; SENZALA.– No castelán cuarterías o rancherías donde vivían los esclavos antiguos y luego<br />

los braceros y trabajadores humildes; PANCADAS E SOCOS.– No castelán pescozadas y golpes;<br />

MANGOES.– Árbores outos que dan unha froita saborosa e con moitos fiachos que se chama mango;<br />

MUSURANA.– Unha cobra, serpiente de ese nombre en Brasil; CACHOPO.– No castelán tronco de un<br />

árbol; ASOLAGADA (terra asolagada).– No castelán barrizal, lodazal” (García, 1977: 39-45).<br />

871

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!