26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

permanecido no anonimato 335 , a ação de Velo de maior repercussão foi a publicação, em<br />

1966, do já mencionado livro intitulado Poesias, de Rosalia de Castro, tanto, obviamente,<br />

pela facilitação que supôs para a aquisição, por parte dos leitores brasileiros, de um livro<br />

com a obra da poetisa, quanto pela fortuna crítica que gerou, pois fez surgir resenhas e<br />

valorizações em que, além de à poesia de Rosalia e à qualidade da tradução, se aludia à<br />

cultura da Galiza 336 .<br />

secretário geral – Santiago Carrillo – chegou a acusar o diretório de fazer parte das tramas dos serviços<br />

secretos franquistas para inviabilizar a política de reconciliação nacional que propugnava o partido.<br />

335 Durante a longa entrevista que, em São Paulo, em 21 de maio de 2003, nos concedeu Victor Velo, ele<br />

mostrou-nos o corpus dos ensaios políticos e da produção literária de Pepe Velo. Trata-se de dezenas de<br />

poemas e de dezenas de discursos, manifestos e reflexões sobre a política da Espanha e sobre a identidade da<br />

Galiza. Victor Velo deu-nos uma cópia de um desses discursos, ainda inédito, do qual, a seguir, reproduzimos<br />

o seu início e o final. Está datado por Xosé Velo em 1962. Intitula-se Exhortación, ocupa três laudas, e está<br />

redigido em castelhano. Eis o texto: “Hay una tierra, perdida allá en un finisterre del mundo, en el noroeste de<br />

la península ibérica, que va muriéndose en vida por no acordar de vez con la necesidad que tiene de salvarse.<br />

La Galicia de formas suaves y entrañas de granito, emergida desde el hondón de los siglos, laboriosa, pacífica<br />

y eterna en la saudade. Madrugadora a las gestas que los apetitos de las castas imponen a los pueblos para<br />

redimirse, nuestra matria irredenta. La que brava y heroica se suicida en Monte Medulio para que el último<br />

general romano del asedio, glorificando al imperio, mereciese el sobrenombre de “el galaico”. La que pare a<br />

Viriato guerrillero, último héroe frente al cartaginés y ha de dar la primera víctima del poder temporal de los<br />

pontífices, decapitando a Prisciliano en Tréveris. La que daría un emperador a Roma, un papa a la cristiandad<br />

y el primer historiador al mundo. En ella encontraréis el recanto que ha de servir la estrategia carolingia,<br />

haciendo volar la buena nueva de la invención del cuerpo del apóstol y florecer en “urbe et orbi” la rosa<br />

jacobea de Compostela. [...] Qué fue de los Gallegos...? Preguntádselo a todos esos siglos que van, como en<br />

puño, en las palabras que ahí os dejo, clamorosas y humildes, desilusionado de todo cuánto ha sido<br />

inútilmente grande. Esa es la historia abarrotada de muertos, a empellones, para qué?... La que nos dieron<br />

inexorablemente, imperio tras imperio, las gulas invasoras en la farsa de España “españolera” para Franco.<br />

Pero, si esa es la historia, hermanos todos, esta es la vida que hemos de sembrar para otra historia... Para<br />

aquella que ha de servir al hombre, y que, por eso, somos quien para anunciarla a grito limpio... Galicia<br />

mártir, generosa matriz, “madre gallega”, cansada de parir, es aun virgen para la viva libertad que nos espera.<br />

Compostela civil en uso pleno de todas sus facultades, soberana con todas sus hermanas sometidas, ha de<br />

levantarse en sus arados y en sus proas para inventar nuestra España cualquier día. ¡Os tempos son<br />

chegados!”.<br />

336 O livro Poesias é uma brochura de 124 páginas com 31 poemas de Rosalia traduzidos. Na p. 3, junto à<br />

indicação da editora [Editora Nós] e a uma pequenina reprodução da bandeira galega, está a especificação<br />

“Publicações Galicia Ceibe”, a qual, na capa do verso, em que consta um fragmento de um parecer de Jacinto<br />

do Prado Coelho sobre Rosalia, tem mudada a palavra “Galicia” por “Galiza” [“Publicações Galiza Ceibe”].<br />

Na p. 3 assinala-se que Ecléa Bosi é a responsável pela “tradução do galego e do espanhol”, quem dedica a<br />

tradução “em memória de Cecília Meirelles, música ausente” (p. 5) e, na p. 4, informa-se que Rita<br />

Rosenmayer se encarregara da “capa e ilustrações”. Há dois prólogos. Um, sem datar, é de Guilherme de<br />

Almeida, e intitula-se Galiza, pátria da canção; o outro é de Ecléa Bosi, datado em São Paulo, “março de 1965<br />

– março de 1966”, e intitula-se Duas palavras sobre Rosalía. Na entrevista que nos concedeu Victor Velo, em<br />

21 de maio de 2003, ele informou-nos que a inserção do texto de Guilherme de Almeida fora conseqüência da<br />

proibição, por parte de Alfredo Bosi, de que constasse um texto de Velo junto à tradução da sua esposa. Isto é,<br />

Ecléa Bosi podia publicar a sua tradução de poemas de Rosalia na editora de Velo com a condição de que, no<br />

livro, não aparecesse um discurso de Velo nem ficasse patente a vinculação da Editora Nós com Velo. Esse<br />

potencial discurso era considerado por Alfredo Bosi, já a priori, como politicamente incorreto e susceptível<br />

de causar prejuízo à carreira de sua esposa. No texto Galiza, pátria da canção, Guilherme de Almeida diz que<br />

“Em fins de março de 1933 estava eu, extasiadamente, em terras de Espanha. Era a ‘Semana Portuguêsa de<br />

Vigo’. Como as águas doces do Minho, que deslizam entre terras lusas e terras espanholas, toda a doce gente<br />

463

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!