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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Vede a hora do jantar. No salão esplêndido, dúzias de mesas requintadamente servidas. Observai.<br />

Nesta, o embaixador dos Estados Unidos da América do Norte; naquela, dois banqueiros argentinos<br />

que amanhã seguem de avião para Buenos Aires; na outra um famoso escritor cubano que chegou de<br />

Clipper de S. Paulo, além do adido naval da embaixada francesa no Rio que vem do Amazonas; na<br />

mesa próxima lindíssimas pernambucanas que festejam um aniversário, lá dois usineiros milionários<br />

que estão a planejar um negócio, cá perto uma família alagoana que veio a encomendar o enxoval da<br />

filha mais moça que agora vai casar; perto daquela janela um velhote com seu filho, que vieram do<br />

engenho só para ver como a gente rica vive num grande Palace; lá um poeta novo que pensa escrever<br />

um romance para snobs e, perto dele, um pai carinhoso que prometera aos garotos uma noite luxuosa<br />

fora da simplicidade habitual do lar...<br />

Ambiente do Carlton de Paris, do Palace de Madri, do Aviz de Lisboa, do Clarice de Londres, mas<br />

muito mais alegre e cordial... porque estamos em Recife, a cidade do riso, da luz, das caras bonitas<br />

(Las Casas, 1939: 121-22).<br />

A respeito da vida intelectual recifense, que qualifica “de primeira ordem”, o autor<br />

distingue dois grupos, o da esquerda, liderado por Gilberto Freyre, e o da direita, liderado<br />

por Manuel Lubambo, “dirigente da revista Fronteiras”. Desses grupos, Las Casas entrosa<br />

com o segundo, como se desprende das seguintes linhas que dedica a agradecer a<br />

companhia que recebera do seu líber e de um dos seus membros:<br />

A gratidão obriga-me a destacar dois nomes aos quais conservarei reconhecimento eterno pelas<br />

atenções que me prodigaram: Lubambo e Gilberto Osório de Andrade, moços ainda e que já<br />

atingiram a justa fama que merecem; tanto aquele, ensaísta com autoridade de autêntico mestre,<br />

como este, poeta e prosador brilhantíssimo (Las Casas, 1939: 119-120).<br />

Uma seção à parte é dedicada para criticar a obra do artista plástico recifense<br />

Vicente Rego Monteiro, de que Las Casas diz que foi “o pintor moderno que mais me<br />

impressionou na vida”. Las Casas frisa que já conhecia algo da sua obra através de<br />

reproduções em periódicos e de ilustrações de livros e que já lera as opiniões que alguns<br />

críticos franceses emitiram sobre a trajetória do pintor, mas informa que foi a primeira vez<br />

que pôde ver os originais, dos que tanto gostou que afirma que “só por conhecer a Monteiro<br />

já valia a pena ter vindo a Recife”.<br />

Neste capítulo, Las Casas alude por primeira vez a uma reação negativa provocada<br />

pelas suas intervenções públicas no Brasil. É claro que essa alusão não a faz para se<br />

comprazer com a narração dos protestos gerados pela exposição dos seus pontos de vista,<br />

senão tanto para negar o mau acolhimento que ele teria suscitado quanto para desmentir que<br />

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