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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Tenho é verdade o propósito de publicar proximamente um livro de poemas escritos em Galego,<br />

língua a cuja índole me sinto vinculado por misteriosas afinidades, que vieram à tona quando do meu<br />

recente contacto pessoal com a Galiza...<br />

Apesar das dificuldades idiomáticas e técnicas que naturalmente encontro e das deficiências que<br />

apresentam estes meus cantos, sinto-me tão bem e em espontaneidade, tentando-os em galego quanto<br />

em português (Ferreira, 1970: 26).<br />

Jerusa Pires Ferreira submetera o seu trabalho à apreciação de Godofredo Filho. De<br />

fato, ela diz que o poeta lhe comentara que a “unidade galega” da sua produção poderia ser<br />

intitulada Jamais (Ferreira, 1970: 34). Ela qualifica o “tom” desses poemas como<br />

“elegíaco” – um “eco de tristezas antiqüíssimas” – e o “clima” neles criado como “líquido”,<br />

“inesgotável” (Ferreira, 1970: 34). Além disso, por um lado pondera que nas escolhas<br />

lingüísticas de Godofredo Filho percebe-se “a coincidência com algum léxico de dois dos<br />

poemas galegos de Lorca” e o conhecimento que ele tinha “da moderníssima poesia galega<br />

de um Álvaro Cunquer Mora [sic] ou de um Perez Sanches [Manuel Antonio]” (Ferreira,<br />

1970: 26). Por outro lado, acredita que nesses poemas captou-se o “leve e gracioso que vem<br />

da criação de Rosalia” (Ferreira, 1970: 26).<br />

São patentes os elementos repertoriais que toma Godofredo Filho da literatura<br />

galega nos seus poemas publicados em 1970. Neles apreciamos uma clara influência, não<br />

só lexical, como afirma Pires Ferreira, senão também temática dos poemas galegos<br />

lorquianos. É igualmente evidente a paráfrase de versos de Rosalia de Castro e a imitação<br />

das estruturas do neotrovadorismo. No poema Antífona, o excluído da recopilação<br />

intitulada Musa Gallega, transparecem especialmente esses empréstimos:<br />

Nena branca, amada, amiga/ Por quén estas ágoas cantam,/ Nena qu’a a lúa cobrindo/ Va de camelias<br />

de lús.// Nena leda i-esmaecida,/ Ó craror d’o-ceo xungida,/ Pol-as máns brancas da choiva/ De lirios<br />

tibios cuberta.// Sombra de paisaxe luar,/ Griseira alondra impossibre,/ Por quén as tardes vagantes/<br />

Antre soedades frolecen.// Mentras morro de delores/ Quérote rogar, Estrela,/ Nin m’abandonarás<br />

ise/ Veleiro, ó invisibre mar (Ferreira, 1970: 23).<br />

Embora observássemos que em nenhum dos poemas galegos de Godofredo Filho se<br />

aludia explicitamente aos galegos da Bahia, reparamos que o “P. Ignacio” que motiva o<br />

poema Canto gratulatório ó Padre Ignacio Domínguez González, pola sua festa de<br />

presbiteriano, a 29-06-1967, en Vigo era filho de imigrantes vigueses em Salvador e que ele<br />

mesmo passara a infância e a adolescência nessa cidade. No entanto, nos versos não se<br />

menciona o passado soteropolitano desse sacerdote. Em 05.06.2007 entrevistamos pela via<br />

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