26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pouco a pouco/ de malencolia...” (García, 1977: 111-112). O poema à paulista Cacilda<br />

Bécquer – uma ode – é motivado pela assistência do autor à encenação de Gata no tellado<br />

de queimante zinque [Gata em Teto de Zinco Quente], estreada em outubro de 1956 e em<br />

que Cacilda fez de Maggie Pollit – a “gata” –. Nesse poema não há nenhuma alusão de<br />

García Rodríguez a que a sua assistência a essa representação tenha acontecido no Rio, mas<br />

a comparação de Cacilda com duas atrizes que trabalhavam para Carlos Machado, famoso<br />

empresário do teatro e dos shows musicais do Rio das décadas de 1950 e 1960, faz-nos<br />

acreditar que García Rodríguez viu a obra no ainda Distrito Federal. O poema Casilda<br />

Becquer [sic] deve ser fruto, portanto, de uma experiência de García Rodríguez acontecida<br />

vinte anos antes da publicação de Brasil, historia, xente e samba-canción, livro publicado,<br />

inclusive, bastantes anos após o falecimento da atriz, aos 14 de junho de 1969. Não<br />

sabemos se o produtor tinha conhecimento do passamento da atriz quando publicou a sua<br />

coletânea de poesias sobre o Brasil. Todavia, esses versos não transparecem nenhuma<br />

nuança elegíaca em relação à atriz; apresentam, ao contrário, uma apreciação da atriz, por<br />

parte do poeta, que é contemporânea ao momento de estréia da peça mencionada, isto é,<br />

1956 635 . Pelo contrário, o poema intitulado Lurdes Monteiro é a evocação de um fato de<br />

data certa. Nele, García Rodríguez pergunta-se que terá sido da garota “Lurdes Monteiro”<br />

(“Lémbrome, inda hoxe, de Lurdes Monteiro,/ na noite de Río, cando a conocín./ ¿Qué foi,<br />

qué é, ou qué será dela, no longo vieiro,/ ou curto, que vai, nista vida, da morte aos<br />

confins?”); ele descreve-a recorrendo a uma comparação – as estrelas do Cruzeiro do Sul<br />

com as pepitas de ouro do Sil – que contém a única alusão à Galiza da coletânea. Eis o<br />

poema:<br />

Con pasión fervente, a brilante moza,/ Raíña dos Primaveraes Xogos,/ os xornaes, a pregoaban ‘a<br />

muller máis bela do Brasil,/ xentilísima herdeira da gaúxa Zezé Cardoso’.// Chamáronlle encanto,<br />

lume, favo, sol;// déronlles louvores, imensos, sin fin/ tecéronlle un manto, cos cinco luceiros/ do<br />

Cruceiro,/ que son máis brillantes que as pedriñas de ouro, que da o río Sil (García, 1977: 119).<br />

635 Este é o poema Casilda Becquer (García, 1977: 115-16): “Vìn Casilda Bécquer/ indo pola rúa.// Un rapaz<br />

lle dixo,/ ao paso, unha cousa,/ que non mereceran/ outras primorosas,/ con corpo de estáduas/ e cara de<br />

rosa.// Casilda é pequena./ Riba do cenário,/ medra – o incredible –/ súa estampa rexa.// Ao representar,/<br />

‘Gata no tellado/ de queimante zinque’,/ gostéi dela máis/ que de Irina Greco/ ou que Neide Landi,/ dúas<br />

estreliñas/ de Carlos Machado./ ¡‘Hai fogo na bica’!/ ¡Hai fogo na ialma!// Co seu apelido,/ esquisito e raro,/<br />

pracéume Casilda,/ cos seus ollos pretos,/ abertos e craros...// E cousa ben linda/ vela naquil drama./ ¡Chorar<br />

lle fai ben!// Coma cando o xieiro/ se espalla nas rosas/ e nelas se espellan/ as nubens do ceu./ ¡Chorar lle fai<br />

ben!”.<br />

865

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!