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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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uma legislação que refletia um nacionalismo desconfiado, e com freqüência hostil, a<br />

respeito dos imigrantes, o povo brasileiro, de modo geral, agiu cordialmente, com espírito<br />

de boa acolhida, com o alienígena chegado para o trabalho no campo. A crítica à legislação<br />

baseia-se no que, na visão do autor, foi a ignorância dela da realidade nacional, a qual<br />

patenteava que o Brasil era um país imigrantista. Nesse sentido, Diégues enuncia o<br />

seguinte:<br />

De qualquer maneira, é oportuno salientar que o brasileiro recebe o imigrante como um colaborador,<br />

e não como a legislação o trata. Daí o desajustamento – saliente-se, mais uma vez, – entre o que<br />

dispõe a legislação e aquilo que o quotidiano indica. O Brasil, com a atual legislação imigratória,<br />

constitui antes um país emigrantista, ou anti-imigrantista; não apenas mantém restrições que outros<br />

Países imigrantistas já superaram, como também – e isso já foi salientado em documento oficial –<br />

mantém uma legislação que o transforma no País de mais difícil acesso de todo o continente para o<br />

imigrante. Daí o decréscimo, cada ano maior, nas correntes de imigração para o Brasil, e o<br />

crescimento para outras áreas em que o imigrante é recebido como colaborador (Diégues, 1964:<br />

355).<br />

Observamos que, apesar de os decretos e as resoluções que visavam a assimilação<br />

do trabalhador estrangeiro terem uma complicada aplicação, esta acabou acontecendo, em<br />

parte pela constante proibição, justificada na necessidade da segurança nacional, da<br />

existência de entidades associativas ou da realização de projetos destinados a contribuir à<br />

conservação da integridade identitária dos grupos isolados de colonos que pretendiam se<br />

manterem segregados da sociedade brasileira. Aos imigrantes assentados em meios<br />

urbanos, a inevitável interação com a população nativa conduziu-os à acomodação na<br />

nacionalidade brasileira.<br />

brasileiros trasladaram aos seus municípios um gosto arquitetônico suntuoso, espantoso pela colorida<br />

decoração, que contrastava tanto com o gosto fidalgo dos paços quanto com as construções típicas populares.<br />

Na arquitetura brasileira da Galiza generalizaram-se as galerias forjadas em ferro, à moda modernista, e as<br />

fachadas adornadas com caprichosos elementos figurativos sobre portas e janelas. O exterior dos imóveis<br />

ocupou-se com jardins recreativos com espécies tropicais. As peculiaridades das casas que respondem ao<br />

estilo da arquitetura dos brasileiros, construídas por alguns imigrantes galegos de Salvador em Tominho, O<br />

Rosal, Ponte Caldelas, A Lama, Paços de Borbém e Fornelos de Montes foram estudadas por Táboas (1999).<br />

Já em uma comunicação apresentada por Antonio Fraguas Fraguas no V Colóquio Internacional de Estudos<br />

Luso-Brasileiros, intitulada Influencia de la emigración al Brasil en tierras de Galicia (1965), menciona-se a<br />

inter-relação galego-brasileira nos municípios da Terra de Montes. Fraguas identifica um gosto indiano no<br />

estilo colonial de algumas residências construídas por imigrantes no Brasil. O autor também nota a projeção<br />

brasileira na culinária e assinala o uso, por parte dos vizinhos, de roupas importadas, a formação de uma<br />

interlíngua nos idioletos e o fato de que versões de coplas medievais ibéricas, conservadas no Brasil, foram<br />

decoradas e adaptadas pelos emigrantes retornados. Nessa comunicação aponta-se que o traçado brasileiro das<br />

moradas das paróquias da Terra de Montes desapareceu no início da segunda metade do séc. XX, quando os<br />

indianos delegaram em arquitetos ou em mestres-de-obras o planejamento das residências, o qual, até então,<br />

fora realizado diretamente por eles.<br />

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