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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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do corpus do granadino. Nessa introdução, o professor de literatura em língua espanhola da<br />

Universidade do Rio de Janeiro [a Universidade do Brasil, atual UFRJ] narra como se<br />

produzira o seu primeiro contato com esse literato e a sua obra:<br />

Nos dias heróicos da defesa de Madrid, quando a guerra civil espanhola já se tornara uma guerra<br />

entre o direito e a força, entre o bem e o mal, nesses dias, aqui em São Paulo, como em tantos outros<br />

lugares do mundo, grupos de espanhóis se congregavam em comitês de auxílio aos republicanos. No<br />

“Centro Republicano Espanhol”, no Brás, reuniam-se eles, em grande número, e nas sessões<br />

especiais o salão era pequeno para conter a massa de operários, estudantes, médicos, advogados,<br />

escritores, gente, enfim, de todas as categorias sociais, que iam levar seu aplauso moral ou material<br />

aos lutadores que do outro lado do Atlântico enfrentavam forças superiores em homens e em armas.<br />

O salão transbordava, pelos corredores e escadarias, os grupos se comprimiam, ouvidos atentos às<br />

palavras do orador.<br />

Ora, aconteceu que certa noite um amigo me arrastou até lá. Era uma grande noite, pois apenas<br />

conseguimos alcançar os primeiros degraus da escadaria que conduzia ao andar superior. Mal<br />

ouvíamos a voz do orador: somente os aplausos, com que o interrompiam, chegavam até nós. Depois,<br />

o orador cedeu lugar a um coro de vozes ásperas, suaves, amargas, doces, indignadas, desesperadas,<br />

nostálgicas, que se elevou, ganhando corpo, dominando todo o salão, infiltrando-se pelos corredores,<br />

descendo a longa escadaria, vindo até a porta da rua, perdendo-se, por fim, na noite indiferente. Que<br />

diziam essas vozes? Falavam da Espanha, sim, mas de que maneira falavam elas? Não sei. Era algo<br />

sublime, traindo uma musicalidade inata, infiltrante, envolvente.<br />

[...] Ali fiquei, até que as últimas notas agonizaram na sala abafada e vieram morrer na rua já deserta.<br />

A reunião terminara e os grupos rumorosos desciam as escadas. Meu amigo, aproveitando pequenas<br />

brechas, infiltrava-se pelos grupos, tentando ganhar o salão. Era jornalista. Precisava dos informes.<br />

Esperei, analisando aquelas fisionomias tão dessemelhantes, mas tão sérias e compenetradas. Comigo<br />

ficaram os versos da canção, a melodia cheia de sugestivo ritmo. E o nome de um poeta: Federico<br />

García Lorca, recentemente assassinado pelos fascistas de Franco (Cavalheiro, [1944] 1956: 7-8).<br />

Por volta de 1945, os sócios do Centro Republicano incorporaram-se ao Centro<br />

Galego, acrescentando-se, em conseqüência, ao nome de Centro Galego a frase “Centro<br />

Democrático Espanhol”. A escassez de fontes para perscrutar a história do Centro Galego<br />

de São Paulo faz com que nos tenhamos que limitar a expor o que, sobre ele, se pode<br />

considerar a partir da leitura do seu Estatuto e dos recortes de imprensa acima assinalados.<br />

Na que, a priori, parece ser a edição mais antiga do estatuto não consta a data da sua<br />

aprovação. Indica-se só que a “sede atual” da sociedade estava na rua da Figueira [Parque<br />

D. Pedro II]. No Art. 1º do Capítulo I – Nome e fins da sociedade –, expõe-se que:<br />

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