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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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saborear o leite recém-ordenhado, e às demais horas do dia para provar daquelas garrafas de rico<br />

vinho generosos preparado, com ciência e consciência, por Ramon “espanhol”.<br />

Pena que esses vinhos não sejam conhecidos nos grandes centros consumidores como testemunho<br />

“vivo” de que o Brasil os produz de excelente qualidade, tanto melhores quanto mais ignorados!<br />

(Casais, 1942b: 81).<br />

Roteiro Balneário é encerrado por Casais com a narração da sua estadia em Araxá,<br />

no Triângulo Mineiro, um balneário de águas diferentes às dos outros mencionados, por<br />

serem as araxaenses alcalino-sulfurosas, muito mineralizadas, e radioativas, e por também<br />

haver lama vegeto-mineral e termal muito terapêutica. Essa região, distante da Serra da<br />

Mantiqueira, tinha uma produção agropecuária quantitativa e qualitativamente capital na<br />

economia brasileira. Casais refere-se a essa produção e ressalta que aos benefícios do setor<br />

primário do Triângulo hão de se acrescentar os que gere Araxá, “cuja fama já transpôs as<br />

fronteiras do Continente americano” (Casais, 1942b: 87). O autor igualmente recomenda<br />

esta nova cidade balneário pelo seu clima benéfico, pelo moderno urbanismo e pela beleza<br />

das paragens dos arredores, sobretudo rumo a Uberaba e a Sacramento 483 , e frisa que a<br />

exploração da potencialidade turística de Araxá se conseguirá quando o governo estadual<br />

conclua a construção do Grande Hotel Balneário, “que será o melhor da América e dos<br />

melhores do mundo”, pois, segundo ele, “quando os mineiros empreendem uma obra o<br />

fazem de verdade” (Casais, 1942b: 90).<br />

Nos seus comentários finais, Casais redunda no destaque de dois traços diferenciais<br />

de Minas: a sensação de imensidão que se tem nos seus campos 484 e a hospitalidade e<br />

generosidade dos mineiros para com os forasteiros. A boa acolhida que dão os mineiros aos<br />

forasteiros é salientada através da exposição de uma experiência pessoal do autor:<br />

Paramos em uma dessas fazendas, uma qualquer, a que encontramos ao passar na hora da merenda.<br />

Os donos, rodeados de uma prole sã e numerosa, obsequiaram-nos com leite fresco, café<br />

483 De Araxá/ Barreiro, Casais (1942b: 88) elogia a gestão do Prefeito municipal no tocante à melhora e<br />

construção de rodovias: “A cidade, de ruas asfaltadas e amplas praças, possui atrativos bastantes para distrair<br />

o hóspede. As excursões possíveis são múltiplas. Parece que a Prefeitura sente a vertigem das comunicações<br />

por estradas de rodagem. Nesses últimos anos, a atenção do Prefeito foi solicitada primordialmente para a<br />

instrução pública e para os transportes. Bela concepção de um prefeito moderno. Nos meus dias de Araxá, não<br />

perdi um sem percorrer extensões imensas, cruzadas por estradas bem construídas e conservadas”.<br />

484 Expressa Casais (1942b: 88-89): “Da estrada de Uberaba, atravessando campos planíssimos, às vezes<br />

interrompidos por ondulações e cortes de origem geológica, descortinam-se horizontes sem fim, panoramas<br />

planos ilimitados, que vão muito além de onde alcança a vista. Experimenta-se a sensação do imenso. Em<br />

nenhum outro lugar do Brasil admirei paisagens tão abertas e infinitas como as desse território povoado de<br />

grandes rebanhos vacuns, procedentes de fazendas disseminadas por aqueles campos, distinguidas de longe<br />

pela brancura da casa matriz”.<br />

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