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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Além disso, refere-se às igrejas, mas matiza: “É impossível ocupar-se de todas as<br />

igrejas de S. Salvador; ouvi dizer que são 365, e não duvido” (Las Casas, 1939: 162).<br />

Menciona várias delas, mas diz que a do Convento do Carmo foi uma das que mais gostou.<br />

Desse convento, assinala as “jóias e lembranças preciosas que o tornam celebérrimo”;<br />

dentre elas recomenda especialmente a visita à sacristia. Diz, dialogando com os seus<br />

possíveis leitores: “vejam a sacristia! Já viram muitas salas tão majestosas?”. Refere-se<br />

também à sala onde, aos 30 de abril de 1625, os holandeses assinaram a sua capitulação<br />

perante o “imortal capitão espanhol D. Fadrique de Toledo y Osório, Marquês de<br />

Villanueva de Valduega”.<br />

Salienta os conventos da Graça, em que se custodia “uma imagem de Nossa Senhora<br />

com o Menino Jesus, construída na Espanha”, encontrada, na ponta dos Castelhanos, pelo<br />

Caramuru e por Paraguaçu após o naufrágio de um navio que se dirigia à Argentina, e da<br />

Lapa, orientando para os turistas, de forma específica, os seus comentários sobre essas<br />

igrejas. O autor conta a história do beneditino Convento da Graça, descreve-o, refere-se a<br />

alguns dos enterramentos que há nela, destacando o de Júlia Fetal, “morta em 20 de abril de<br />

1842, assassinada de um tiro pelo amante despeitado Dr. Lisboa – “curioso tipo para Stefan<br />

Zweig” – em uma noite “como aquela em que se suicidou D. Mariano José de Larra”. Em<br />

relação ao Convento da Lapa aconselha a qualquer turista potencial que vá até esse<br />

convento em três momentos, à noite, de manhã e de tarde, pois o interesse da visita não<br />

reside, comparativamente com outras igrejas, na qualidade artística do prédio (“Uma das<br />

coisas mais difíceis de ver é um desses conventos que não têm nada que ver” Las Casas,<br />

1939: 148), senão na observação da vida conventual. Na visita matutina, o autor diz ter<br />

percebido que a quase todas as freiras brasileiras que ele vira eram morenas, pelo qual<br />

decide se dirigir com sonsice a uma das irmãs:<br />

Quando eu fui, só uma freira atrasada rezava na igreja. Era morena, lindamente morena. Por que,<br />

Senhor, quase todas as freiras são morenas? Adiantei-me a ela, com cerimônia portuguesa, tal qual o<br />

faria meu defunto amigo o Marquês de Bradomin.<br />

– Diga, vossas senhorias são da Ordem do Divino Pastor?<br />

Ficou corada, como uma papoula. Tinha qualquer coisa de Hermana San Sulpicio de Palacio Valdés.<br />

Gostaria de sorrir acaso, mas não podia; muita vez Satanaz apareceu nos claustros vestido de gentilhomem<br />

(Las Casas, 1939: 149).<br />

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