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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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A pesquisadora notou que, em dia 27 de julho de 1933, se comemorara o Dia da<br />

Galicia, no qual que atuou o orfeão do centro e pondera que:<br />

Na programação cultural do Centro Galego abundavam as veladas literárias, as<br />

conferências e saraus, atividades típicas das classes altas que se distanciavam muito da<br />

realidade das classes baixas. Quando realizavam atos sociais nos fins de semana, como as<br />

veladas literárias costumavam convidar associações importantes, que estavam vinculadas<br />

com o setor profissional da comunidade galega, como o Clube Comercial de Botafogo,<br />

localizado na zona sul do Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, um bairro que se<br />

distanciava muito do cotidiano da maioria dos trabalhadores galegos (Silva, 2006a: 389).<br />

Nas atas, em relação à imprensa colonial, Érica Sarmiento só localizou menções ao<br />

periódico do centro, El Correo Gallego, e ao paulista La Voz de España. Ela indica que o<br />

centro fechou por desavenças políticas entre os sócios e que estas já existiam no começo do<br />

séc. XX, já que, segundo as atas, era freqüente que eles se acusassem mutuamente “de<br />

desordeiros, traidores ou anarquistas” (Silva, 2006a: 395). Havia também conflitos com o<br />

Cassino Espanhol, que a pesquisadora classifica como um clube formado pela comunidade<br />

catalã no Rio de Janeiro, e com a representação consular espanhola, acusada pelo centro de<br />

inepta. Em relação aos posicionamentos políticos dos sócios do centro, a pesquisadora, logo<br />

de observar as discussões entre entres refletidas pelas atas, percebe uma “certa tendência a<br />

uma ideologia de esquerda” (Silva, 2006a: 398). Ela diz que um dos sócios – Fernando<br />

Bondad – defendia a liberdade política dos sócios e o direito deles ao engajamento sindical.<br />

Ela ressalta o seguinte:<br />

O teatro anarquista, por exemplo, encontrou seu espaço nas sedes do Centro Galego desde o início do<br />

século XX. Foi o lugar no Rio de Janeiro onde mais obras teatrais desse gênero foram representadas.<br />

Em 1903, o gráfico espanhol Mariano Ferrer, que trabalhava no Jornal do Comércio, fundou o<br />

Grupo Dramático de Teatro Livre na Associação dos Artistas Sapateiros, sendo o seu ensaiador e<br />

ator. Estreou no Centro Galego, em outubro do mesmo ano, duas obras teatrais. A esposa de Ferrer, a<br />

espanhola Carmen Ferrer, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil e junto com seu<br />

marido, a maior divulgadora do teatro amador. Os trabalhadores e operários galegos também tinham<br />

seu próprio grupo de teatro, chamado Grupo Teatral do Centro Galego, onde participavam obreiros<br />

de diversos ramos e nacionalidades, como o português Luciano Trigo, carpinteiro da construção civil<br />

e afiliado à União dos Operários da Construção Civil. Muitos trabalhadores, através do teatro, da<br />

prensa e da publicação de livros, se manifestaram contra as injustiças sofridas pela sua classe e<br />

contra a repressão policial. Foi o caso de José Martins, um operário que em 1909 escrevia no jornal A<br />

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