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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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entrever se o conhecimento de galegos da Galiza influenciou na seleção dos termos para o<br />

uso em sua produção poética, mas é provável que o público receptor dos versos soubesse<br />

reconhecer as denotações pejorativas a eles vinculadas, tendo estas, portanto, que ser<br />

associadas à animadversão sobre tudo o relativo aos galegos expressa nas letras<br />

portuguesas desde o séc. XVI.<br />

Apesar da ausência de dados definitivos em torno à presença de galegos durante o<br />

período colonial brasileiro, o uso dado por Matos à palavra galego leva a considerar que o<br />

vocábulo já tinha um significado identificável para uma parte da população de Salvador<br />

antes que contingentes quantitativamente importantes de galegos desembarcassem na<br />

cidade.<br />

Antes que Matos, outro intelectual baiano, Frei Vicente do Salvador (Salvador,<br />

1564-1635), usara a palavra galego com um significado gentílico. Na coleção de<br />

documentos comentados reunidos nos cinco livros em que está dividida a primeira obra<br />

denominada História do Brasil (1918) 218 , abrange-se o período que vai desde a Descoberta<br />

até a época do governo de Diogo Luís de Oliveira; entre os episódios coletados pelo frade<br />

beneditino figura a explicação dada sobre a origem do topônimo de Olinda. No<br />

esclarecimento fornecido por Frei Vicente do Salvador, posteriormente reproduzido e<br />

glosado por Humberto de Campos (1927) fazendo parte de um livro que reúne anedotas<br />

contidas em frases históricas que resumem a crônica do Brasil-Colônia, do Brasil-Império e<br />

do Brasil-República, adjudica-se a um galego a autoria casual do topônimo:<br />

OH, LINDA! [Frei Vicente do Salvador – História do Brasil, pág. 107] Andando com outros por<br />

entre o mato, em busca de um lugar em que o seu amo fundasse uma povoação, um galego, criado de<br />

Duarte Pereira, foi ter a um monte à beira-mar, de onde se divisava um soberbo panorama. E tão<br />

encantado ficou com a posição descoberta que, não se contendo, exclamou: – Oh, linda! É essa a<br />

origem, vulgarmente admitida, do nome que ainda hoje tem a antiga capital pernambucana (Campos,<br />

1927: 51).<br />

218 A obra História do Brasil permaneceu inédita por mais de dois séculos, sendo publicada integralmente,<br />

pela primeira vez, em 1888, nos Anais da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. O estudo introdutório do<br />

produto é de Capistrano de Abreu. Ao mesmo historiador incumbiu a preparação da edição definitiva de 1918.<br />

Na justificativa da obra, o frade expôs que, para acometer o labor, lera os autores contemporâneos, recolhera<br />

as tradições orais, ouvira aqueles que participavam de modo direto e indireto da faina colonizadora, e anotara<br />

suas próprias vivências e experiências. Esse foi o procedimento seguido para de atender à solicitação de<br />

Manuel Severim de Faria, no sentido de redigir um tratado “das cousas do Brasil”. A obra foi assinada aos 20<br />

de dezembro de 1627 e foi dedicada àquele erudito português.<br />

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