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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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matéria narrativa baseada nas trajetórias de imigrantes galegos soteropolitanos, a maioria<br />

delas apresentada de uma perspectiva cáustica, deveria, a priori, ter gerado alguma<br />

manifestação.<br />

Com a exceção de Galegos no Paraíso Racial, de Jeferson Bacelar (1994), Vida,<br />

paixão e morte republicana de Don Ramón Fernández y Fernández passou desapercebida<br />

nas pesquisas acadêmicas acima indicadas. O antropólogo refere-se à novela ao tratar, no<br />

seu ensaio, da adesão da colônia galega ao bando nacional durante a Guerra Civil e da<br />

repressão, logo de a colônia se haver descoberto ideologicamente, que ela sofreu, quando,<br />

em 1942, o Brasil declarou a guerra ao Eixo. Eis o comentário de Bacelar:<br />

O grupo galego, em sua maioria analfabeto, em grande parte indiferente à conjuntura política e<br />

ideológica da guerra, acompanha, com raras exceções, os postulados da elite galega, sobremodo<br />

contra o ateísmo de los rojos. Diante dos incêndios, destruição e confisco dos bens religiosos,<br />

inúmeras manifestações de protesto são realizadas na Bahia.<br />

Todas as associações aderem a essas manifestações, fazem convite público a seus compatriotas,<br />

inclusive mandando conservarem fechados, nos dias dos eventos, os seus estabelecimentos<br />

comerciais. E se isso foi em 1936, no ano de 1939 promovem festas de louvor à vitória nacionalista e<br />

ao retorno da paz à Pátria. Poucos, contados nos dedos, são os que nutrem os “ideais republicanos<br />

subversivos e proibidos pelas leis das duas pátrias irmãs”.<br />

Em criação das melhores da literatura brasileira, Nelson de Araújo traça a saga do republicano Don<br />

Ramón Fernández y Fernández, “galego de exceção, a quem nunca atraíram as fortunas e falácias<br />

deste mundo”. De forma passional é mostrada a pressão do grupo galego, o isolamento familial, a<br />

amizade e a traição na comunidade, o conformismo e a dura repressão, a envolver o galego<br />

republicano por mais de meio século na Velha Bahia.<br />

Entretanto, há uma outra história que precisa ser contada, a dos galegos perseguidos na década de 40,<br />

especialmente a partir de 1942. As denúncias descabidas, a vigilância constante do DOPS e da<br />

polícia em geral, os ataques na imprensa, muitas vezes envolvendo apenas simples e apolíticos<br />

comerciantes. Um, grande silêncio ainda paira internamente no grupo sobre esse momento, a<br />

confinar as marcas de um tempo que não foi esquecido (Bacelar, 1994: 168-69).<br />

Embora não tenhamos podido determinar a data da sua publicação, um juiz de<br />

direito do Estado da Paraíba e do DF (Rio de Janeiro), Eugênio Carneiro Monteiro, natural<br />

do Rio Grande do Norte, lançou um poema intitulado Arriba, España! que dedicou “Ao<br />

preclaro e eminente estadista Generalíssimo Franco – o grande consolidador da bela<br />

Espanha altiva, forte e soberana” e “Ao nobre e invicto povo espanhol [...], pelos seus feitos<br />

gloriosos, na história das Nações cultas e civilizadas”. Esse poema, o terceiro produto dos<br />

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