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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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– Dois pobres diabos, que assaltaram uma casa de automóveis, escolheram um “Graham Paige” de<br />

elevado custo e andam com ele por toda a cidade. Agora, tiveram ordem de vir custodiar a legação do<br />

Salvador. Vieram, mas trouxeram o carro... Fiz-lhes ver a aventura em que se meteu a Espanha.<br />

Durante alguns minutos lhe expus o terrível drama que se desenrola em terras do Cid. Os pobres<br />

coitados acabaram com lágrimas nos olhos e me pediram que, passado isto, lhes arrumasse umas<br />

passagens para a América... (1936: 40).<br />

No relato da sua viagem de trem em direção a Valencia, Soares redunda na sua<br />

exposição do caos que cinge o território republicano. Dentro do trem, lotado de estrangeiros<br />

que almejam abandonar a Espanha, dentre eles italianos simpatizantes de Mussolini, há<br />

enfrentamentos entre guardas republicanos e guardas anarquistas. Ao se deter o trem em<br />

Albacete, e durante uma revista, Soares foi detido sob a acusação de haver conservado com<br />

um sujeito – aparentemente um velho socialista – que também foi detido. Ambos são<br />

conduzidos a um pardieiro, interrogados e aprisionados em calabouços. O “velho<br />

socialista” foi fuzilado e Soares declarado inocente e libertado. Consegue pegar um trem<br />

rumo a Valencia. Lá o aguarda o cônsul Navarro Leitão, quem o conduz a um naviohospital<br />

italiano, o Urania, procedente de Abissínia e com destino a Gênova, que abrigará<br />

700 prófugos, na sua maior parte estrangeiros. Recolhido no navio, Soares reflete sobre o<br />

vivido nos dias passados em Madri e em Albacete e elabora um longo parecer acerca da<br />

situação da Espanha a partir da sua experiência. Esse parecer é exposto no Capítulo 10 –<br />

“Manos arriba!”:<br />

É assim que eu venho encontrar a Espanha: uma vasta praça de touros, com o sol e a sombra tomados<br />

por vinte e cinco milhões de almas. O “espada” é Largo Caballero, “capinhas” Indalecio Prieto e<br />

Martínez Barrio, “cavalheiro” o marxismo, montando a Besta do Apocalipse. Nesta Espanha que eu<br />

conheci salerosa e guapa, com os seus mantones de Manila, os seus pentes de tartaruga, os seus<br />

boleros e peteneras, correm caudais de sangue, e em nome da liberdade trucidam-se milhares de<br />

criaturas indefesas.<br />

[...] o espetáculo é sempre o mesmo: aqueles sinistros macacões azuis, aqueles sinistros gorros<br />

pretos, aquelas sinistras carabinas reluzentes, atravessando o campo, ganhando palácios, invadindo<br />

igrejas, e ao fim e ao cabo velhas latas de petróleo que as mulheres carregam açodadas para as portas<br />

das catedrais que daqui a pouco vão ser presas das chamas.<br />

había convertido en un refugio de facciosos. Estos episodios van a marcar negativamente las relaciones<br />

hispano – brasileñas a lo largo del periodo de la Guerra Civil. Junto a estos incidentes, el golpe de Getúlio<br />

Vargas de 1937 arrojará más leña al fuego de estas enturbiadas relaciones. La clara tendencia al autoritarismo<br />

del político gaucho, la persecución anticomunista que desata y el apoyo al gobierno nacionalista de Franco<br />

con sede en Burgos fueron los el ementos que definitivamente envenenaron las relaciones entre España y<br />

Brasil”.<br />

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