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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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capitão Umbelino Santa Rita e o seu “trancalleiro” barco – o “Augusto Montenegro” – no<br />

que, provavelmente, fez uma travessia pelo rio Amazonas – o “río-mar” –. Do Augusto<br />

Montenegro diz que “Era unha vírgula/ de libro de freira,/ no lombo do río,/ e tí o<br />

gobernabas,/ coma Deus,/ que disque nos leva/ a cousas direitas,/ por tortos camiños”, e<br />

desse capitão diz que “Gostéi do teu nome, esnobe ieufónico,/ e da túa ialma de caboclo<br />

sorridente,/ bambocheiro, comprensivo e imberbe,/ percorrendo o salón, limpo con<br />

vasoiras,/ onde todos dormíamos nas redes.” Com o capitão Umbelino, o autor jantou uma<br />

caldeirada do “xigantesco piracurí [sic] do Amazonas” e bebeu “tacatá [sic]” 642 . Nesse<br />

jantar, junto a eles, estiveram presentes a namorada do capitão (“vistosamente traxeada,/<br />

con adovíos de frores no cabelo/ e a humildade de saber que che oferecía,/ aloumiños de día<br />

e amores de noite.”) e uma moça que lhe fora apresentada ao autor pelo capitão (“E para<br />

mín me destes unha mulata,/ da que non quero falar,/ pois eu non son home que de amores<br />

se gaba”).<br />

Em uma cidadezinha do Norte ou do Nordeste parece estar situado o poema A<br />

procesión do Aleluia (“Eu fun a cidadeciña,/ ver procesión do Aleluia.// A eirexiña era un<br />

tesouro/ de coloniaes belezas;/ máis que tempro semellaba/ unha casa palacega.”). Nesse<br />

poema (García, 1977: 87-89) cria-se um quadro pitoresco da cerimônia, descrevendo-se o<br />

altar em que se celebrava a missa que antecedia a procissão e, logo, com um tom exaltado,<br />

a passagem dessa procissão, à noite, pelas ruas da povoação:<br />

Por corredoiras e rúas,/ balcoes e voladizos,/ vai o canto do Aleluia,/ riba do chan estendido,/ baixo<br />

de un ceo de veludo,/ que, eisí, resurreito Cristo,/ deixóu aos gardas, pasmados,/ de ver o nunca antes<br />

visto:/ a luz da vida nun morto,/ e nos ollos de zafiro/ da mañán, dúas pombas brancas,/ Il e Dimas,<br />

que van xuntos,/ ¡aleluia!, ao paradiso (García, 1977: 88-89).<br />

Na menção dos santos que integram o altar-mor, o autor traça um paralelismo entre<br />

ele e São Sebastião (“Sebastián, aposto,/ co peito mártir ferido,/ coma ieu, polas baestas,/<br />

meu amor, do teu cariño.”) e compara os olhos de São Tobias com os da sua namorada<br />

642 García (1977: 86) deve ter errado ao escrever esses nomes. “Piracurí” é um bairro de Belém. Ele deve ter<br />

querido se referir ao peixe “pirarucu”, peixe da bacia amazônica – o maior peixe fluvial de escama – que pode<br />

atingir 2,60 m de comprimento e pesar 160 kg. O autor detalha que esse peixe fora-lhes servido “com prebe<br />

de bacallau, tomate e leite de coco”. O “tacatá” que ele menciona não existe; com certeza, ele queria<br />

mencionar o paraense “tacacá”, caldo feito com a goma da mandioca, camarões e tucupi e temperado com<br />

alho, sal e pimenta, a que se adiciona jambu, uma erva com a propriedade de provocar sensação de<br />

formigamento na boca.<br />

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