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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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O autor só menciona o nome de dois passageiros que o acompanharam nessa sua<br />

primeira viagem ao Brasil, Mlle. Marguerite – “uma alsaciana loira que a bordo não<br />

deixava repousar ninguém” e que, ao desembarcar, se encantara com as orquídeas – e Herr<br />

Grostter, um aldeão bávaro que embarcara em Hamburgo e que se deliciara com os<br />

maracujás. Las Casas (1939: 111) exalta Recife por ser uma cidade “maravilhosamente<br />

linda”, pelo seu urbanismo – “toda sulcada de canais refulgentes” e “cruzada de pontes<br />

elegantíssimas” – e pelo ambiente ameno criada pelos seus habitantes – “gente bonita que<br />

veste toda de branco, e ri, e fala alto, e dá-se cordialmente”. Esse ambiente, nos cafés da rua<br />

do Imperador, faz com que ele se sinta em Sevilha, Cádiz ou Málaga, “as mais lindas e<br />

acolhedoras cidades da Andaluzia”. Junto a essa comparação da atmosfera festiva recifense<br />

com a de algumas cidades andaluzas, o autor traça uma outra com a Espanha; desta vez,<br />

relacionando as rias galegas com a costa pernambucana:<br />

Lembrei uma lenda da minha terra:<br />

A Galiza é a província espanhola mais bela, e um dos recantos europeus mais formosos. Sua costa é<br />

muito acidentada, e tem cinco longos fiords que metem o mar até o regaço das cordilheiras, um mar<br />

calmo e profundo sulcado pelas barcas mais graciosas do mundo. E conta-se que quando Deus<br />

acabou de fazer o mundo, saiu a passeá-lo para ver se ficara tudo bem. Viu o Báltico, a costa<br />

norueguesa, o Cabo da Boa Esperança, a Flórida... tudo ficara direitinho. Passando pela Galiza,<br />

entusiasmou-se com sua própria obra: Ah! Isto é que ficou extraordinário! – pensou. Não se podendo<br />

conter, acariciou minha terra com ternuras paternais. E, onde seus dedos pousaram, traçou cinco<br />

vales por onde entrou o mar ambicioso, eternizando nos cinco fiords o tal milagre. A outra mão<br />

ninguém disse onde estava pousada, mas estou certo que repetia o prodígio no Brasil, sobre a costa<br />

de Recife (Las Casas, 1939: 111-12).<br />

Assim como fizera com as outras cidades que visitara, na narração sobre o Recife<br />

Las Casas refere-se ao passado da cidade, aos seus principais monumentos e à vida<br />

intelectual, recomendando a possíveis turistas que ver e, se for possível, com que agentes<br />

da cultura deveriam entrar em contato. Da história do Recife diz que se parece à da<br />

Espanha, por ser “uma guerra continua, por vezes entre os próprios naturais do país. Tal<br />

como nós: quando não temos contra quem lutar, brigamos uns contra os outros” (Las Casas,<br />

1939: 112). Dela destaca sumariamente a invasão holandesa, a guerra dos mascates, as<br />

revoluções nativistas republicanas de 1817 e 1821, a Confederação de Equador, a Abrilada<br />

de 1832 e a Rebelião Praieira. Com respeito aos lugares históricos, que quantifica como<br />

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