26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

elacionado com uma companhia de zarzuelas que, indo além do âmbito do campo artístico,<br />

se inseriu na história política do Brasil e converteu-se em argumento para uma novela<br />

folhetinesca, para um romance histórico e para um roteiro cinematográfico 389 , além de ter<br />

sido objeto de estudo nas matérias dedicadas ao processo de incorporação do Acre ao<br />

Brasil 390 . Trata-se do litígio entre o Brasil e a Bolívia para a posse do território do Acre no<br />

final do séc. XIX, no qual jogou um papel protagonista o diplomata e jornalista, e<br />

aventureiro, gaditano Luis Gálvez Rodríguez de Arias e tomou parte uma companhia de<br />

zarzuelas que estava atuando em Manaus 391 . Dessa companhia informa Pinto do Carmo:<br />

389 O folhetim é Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza (1984), publicado em 1976, havendo alcançado,<br />

até 1997, catorze edições. Em 2003, na Espanha, Alfonso Domingo (2003) publicou o romance histórico La<br />

estrella solitaria. O roteiro cinematográfico no qual Luis Gálvez Rodríguez de Arias – interpretado pelo ator<br />

José Wilker – é protagonista foi feito para a minissérie da Rede Globo Amazônia, de Gálvez a Chico Mendes,<br />

de Glória Perez, estreada no Brasil no início de 2007. Em 2007, a editora Globo lançou as reedições dos<br />

romances amazônicos Terra caída, de José Potyguara, e Seringal, de Miguel Jerônymo Ferrante; o primeiro<br />

fora publicado em 1961 pela editora Sant Anna e o segundo em 1972 pelo Clube do Livro. Segundo Glória<br />

Perez, a mencionada diretora de Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, ambas as obras inspiraram a<br />

minissérie. Na entrevista que, em 2007, Oriana Carneiro lhe fez a Sônia Perez, à pergunta “Como os<br />

romances O Seringal, escrito por seu pai, Miguel Jerônymo Ferrante, e Terra Caída, de José Potyguara,<br />

participam da trama?” ela respondia: “Misturei algumas das tramas e personagens dos dois romances para<br />

contar a segunda fase da história, a época do segundo apogeu e decadência dos seringais. O Seringal e Terra<br />

Caída são dois dos romances mais importantes da literatura acreana, dois retratos exatos e vigorosos do<br />

funcionamento dos seringais. Achei que seria a oportunidade de divulgá-los” (Disponível em:<br />

. Acesso em: 2 abr. 2008).<br />

390 Aos 21 de agosto de 1938, Álvaro de Las Casas publicou, no diário carioca O jornal, uma matéria sobre a<br />

participação de Gálvez na luta acreana. Pinto do Carmo (1960: 89) menciona uma entrevista a Ramiro<br />

Fernández Pintado – antigo cônsul da Espanha em Manaus – publicada na revista Santiago em 1950 (ano I, n.<br />

4, p. 9), na qual Fernández Pintado, referindo-se à presença espanhola nos seringais da região Norte do Brasil,<br />

“narra um fato que, à sua vez, impõe pesquisa: tamanha era a quantidade de espanhóis no Amazonas, na<br />

referida fase, que o consulado do Rio era de 2ª classe e o de Manaus de primeira”.<br />

391 Em 2003 publicou-se em Sevilha o romance La estrella solitaria, “VII Premio de Novela Ciudad de<br />

Salamanca”, da autoria de Alfonso Domingo (2003). Na capa do livro está escrito, hiperbolicamente, que Luis<br />

Gálvez foi “el único español que le ganó una guerra a los Estados Unidos” e, ignorando a bibliografia<br />

existente no Brasil sobre o personagem e as suas ações, que “su hazaña permaneció en el olvido hasta ser<br />

rescatada por Alfonso Domingo en esta novela”. No argumento do livro prevalece o tratamento épico da<br />

biografia romanceada de Gálvez sobre o avatar do território do Acre que, embora o principal, é apresentado<br />

como um dos episódios da vida do protagonista. A perspectiva situacional do autor coincide com a do<br />

personagem Gálvez; assim, os nativos – os brasileiros e os bolivianos envolvidos no conflito sobre a posse do<br />

Acre – são apresentados como os outros, enquanto que a empatia principal de Gálvez se estabelece com um<br />

outro estrangeiro – Guillermo Uhthoff – prussiano com quem Gálvez amigara sendo ambos crianças em<br />

Cádiz, quando o pai de Guillermo lá se assentara como comerciante e cônsul da Prússia, e com quem, em<br />

plena maturidade, vinte anos depois, se volta a encontrar em Manaus, estando Uhthoff a serviço da Bolívia<br />

como comandante de fronteiras. Com ele, Gálvez mantém o seguinte diálogo em que se patenteia o<br />

distanciamento do protagonista com os aborígines e a sua identificação com o alemão: “– Voy a crear un país,<br />

Guillermo. La República Independiente de Acre. – No te comprendo. O no quiero comprenderte. ¿Todo este<br />

lío para eso? – En realidad se me ha ocurrido hace muy poco. Formo parte de la Junta Revolucionaria de<br />

Acre. – Debí figurarme que en este asunto no estabas por dinero. Ya se me imaginaba raro que con lo que<br />

tenías en Manaos vinieras a Belem, pero... ¿por qué ese furor patriótico por Brasil? Si ni siquiera eres<br />

brasileño... – Para lo que quiero no hace falta. Es más, incluso es una ventaja ser extranjero. Como tú bien<br />

569

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!