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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Estamos em Minas Gerais. Quanto à sua cozinha não lhe digo nada! Tratando desses temas tão<br />

“saborosos” com uma senhora, veranista em Poços-de-Caldas, quis ela conceder-me a confiança de<br />

organizar um almoço que desejava oferecer a uns hóspedes platinos, gente de bom comer e não pior<br />

beber.<br />

Condição única: as iguarias haviam de ser brasileiras (Casais, 1942b: 29).<br />

Assim, Casais recomenda o restaurante localizado na fonte Caixa d’água,<br />

“especializado em pratos típicos da cozinha mineira”, menciona as fazendas de café –<br />

“desse café sul-mineiro que considero, sem favor, o mais saboroso e aromático café do<br />

Brasil” –, elogia o sucesso na aclimatação das melhores espécies européias de árvores<br />

frutíferas, classifica os vinhos da região 478 – no seu parecer “dos mais seletos do Brasil” – e<br />

advoga, “diga o que quiser o catálogo geográfico oficial”, pela sua denominação como<br />

“vinhos de Poços-de-Caldas”, pois, embora alguns vinhateiros produzam fora da região do<br />

município, sobretudo na cidade de Parreiras [anteriormente chamada Caldas], têm em<br />

Poços de Caldas o seu centro comercial. Dentre as cepas destaca as de “moscatel galego” 479<br />

um vinho “generoso”, “delicioso moscatel dourado”, “muito suave, aromático e fino”,<br />

muito adequado para as sobremesas 480 . Em Parreiras, Casais pôde visitar a exposição anual<br />

da Cooperativa de vinicultores, coincidência que lhe permite apreciar os tipos de vinhos<br />

comercializados por essa cooperativa e, logo, comentá-los. Destaca a estação enológica<br />

estabelecida pelo governo em Parreiras, “onde se ensaiam novos tipos vinícolas já que o<br />

da sua partida este almoço simples, e prometeram travar batalhas renhidas, lá em seus pagos, com os<br />

difamadores do bom comer brasileiro” (Casais, 1942b: 29-31).<br />

478 Casais (1942b: 23) não menciona as suas anteriores obras, mas informa que o seu interesse pelos vinhos de<br />

Poços de Caldas surgira quando “Anos antes conhecera os sucos caldenses em uma excursão à Escola<br />

Agrícola de Viçosa”.<br />

479 A menção às cepas de “moscatel galego” está inserida em uma exposição das classes de uva plantadas em<br />

Poços de Caldas: “A plantação das vides segue uma orientação técnica moderna e a seleção das cepas é<br />

rigorosa. Vêm-se pés de lambruscas-americanas excessivamente aframbuezadas (‘foxadas’ como dizem lá),<br />

como a Niágara que, apesar de todos os pesares, é muito solicitada pelo povo consumidor de uva fresca; bons<br />

exemplares de Moscatel galego, Moscatel de Hamburgo e Malvasia de fruto rosado; Isabela e numerosas<br />

variedades Ceibel; mas a que mais importa e sobressai é a Riesling. Dela sai um vinho finíssimo, suave,<br />

amável, íntimo, que nada tem que invejar a seus progenitores da Alsácia e, como eles, possui ‘vista, olor e<br />

sabor’ elementos essenciais do bom vinho, principalmente o aroma que nos dá uma sensação mais prolongada<br />

que o próprio sabor” (Casais, 1942b: 25).<br />

480 No item Vitivinicultura da obra acima mencionada El Brasil, riquezas, posibilidades, publicada em<br />

espanhol no Rio de Janeiro e organizada pelo Ministério das Relações Exteriores (1946), no qual se expõe a<br />

geografia da cultura da uva e da produção do vinho no Brasil, dedicam-se três parágrafos ao comentário dessa<br />

geografia no Estado de Minas Gerais. Embora essa seja uma exposição mais sumária que a de Casais,<br />

coincide nos assuntos abordados. Estes são os parágrafos: “En Minas Gerais se cultiva la vid en los<br />

municipios de Parreiras, Andradas, Pozos de Caldas, Ouro Fino, Baependí y Barbacena. Las variedades más<br />

cultivadas son de la especie Lambrusca, tales como Folha de Figo, Isabel y Niágara. Recientemente se ha<br />

intensificado el cultivo de la Riesling de Caldas, Seybel 10.096 y 6.905, además de las moscateles Galega<br />

Dourada e Italiana” (Ministério das Relações Exteriores, 1946: 169).<br />

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