26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

explorado nem pelos imigrantes galegos nem pelas instituições espanholas instaladas no<br />

Brasil. Surpreende que a Carta do Mestre João exumada por Francisco Adolfo de<br />

Varnhagem e divulgada por primeira vez no Brasil em 1843 não tenha sido reivindicada e<br />

explorada pelos coletivos de imigrantes como possível primeira contribuição da presença<br />

galega à forja da identidade brasileira. Essa marginalização do produtor e do produto<br />

surpreende também quando se constatam as preocupações manifestadas ao longo do séc.<br />

XX por instituições e agentes sociais da Espanha por legitimarem, através de pretéritas<br />

ações benéficas, as suas intervenções no Brasil. Porém, seguindo o rumo da afirmação<br />

identitária traçado pelos seus patrícios imigrantes em outros países latino-americanos, os<br />

galegos do Brasil, através dos seus periódicos, fizeram uso propagandístico, na década de<br />

1920, do hipotético berço pontevedrês de Colombo, vinculando essa reivindicação à<br />

façanha do vôo atlântico do Plus Ultra.<br />

Neste início do séc. XXI tem havido algumas tentativas – escassas – de exploração<br />

dos elos entre a Espanha e o Brasil da época colonial. Uma dessas tentativas está em uma<br />

obra que reúne biografias de galegos bem sucedidos no Estado de Bahia (Pérez, 2002), à<br />

qual abaixo nos referiremos. Nela, presume-se uma origem galega para Diogo Álvares<br />

Correia, o “Caramuru”. Assim, o “Caramuru” galego-baiano, oferecido à elite imigrante<br />

retratada no livro como possível precursor da sua gesta, pretendeu converter-se em uma<br />

frente publicitária dos galegos da Bahia no início do séc. XXI. Contudo, o vocábulo galego<br />

tem-se associado na Bahia a conotações depreciativas. Ele já recebera, inclusive, uma forte<br />

carga satírica a partir da sua conversão no apelido com que, em dois sonetos, Gregório de<br />

Matos ridicularizou os foros de fidalguia nativa alardeados por alguns endinheirados da<br />

Bahia.<br />

Em uma publicação de 1621 há referências explícitas à presença de galegos no<br />

Brasil colônia. Em 15 de novembro de 1618, os experimentados marinheiros pontevedreses<br />

Bartolomé Garcia de Nodal e Gonçalo de Nodal aportaram no Rio de Janeiro,<br />

permanecendo lá 16 dias. O motivo de terem ancorado os seus navios na baia de Guanabara<br />

foi o de consertar o mastro da Almirante, comandada por Bartolomé Garcia de Nodal. O<br />

relato, em que se descreve a estadia da tripulação e os trabalhos acometidos para a<br />

reparação da embarcação, contém breves referências à cidade e cremos que constitui,<br />

cronologicamente, o quinto relato composto por um viajante europeu, não português, sobre<br />

275

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!