26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

autor desenvolve uma comparação explícita entre uma povoação brasileira – a cidade de<br />

Goiás [Goyaz, em 1940; até o séc. XX Vila Boa de Sant’Ana] – e uma cidade galega –<br />

Santiago de Compostela –. Nessa seção, escreve:<br />

La primera impresión que recibe el forastero, al atravesar las calles que le conducirán al hotel, es de<br />

respetuosa solemnidad. En Goyaz debe entrarse descubierto. Como en Santiago de Compostela, la<br />

bien llamada Atenas de Occidente. Siento los motivos de comparación de las dos ciudades. Ante la<br />

belleza evocadora de Goyaz – por su arte y por su estilo, por su nobleza y por sus blasones sigue<br />

siendo Santa Ana y Vila Boa – ¿quién se acuerda de las incomodidades del viaje? París bien vale una<br />

misa.<br />

[...] Se fueron los días pasando y repasando ruas embaldosadas con grandes piedras “que no se<br />

derriten al calor ni apestan a asfalto reblandecido”. Las casas son blancas y pulcras. No hay<br />

rascacielos. Cada familia tiene un nombre y no un número. La personalidad se conserva y se destaca.<br />

Como antaño. Señoras. Señores. Muchachas bonitas que llevan en sus rostros el signo de una<br />

educación tradicional, jamás interrumpida. En Goyaz la familia no es suma de individuos sino<br />

entidad coherente que mantiene el tesoro de una raza y de una historia (Casais, 1940: 193-94).<br />

Casais sabia que a Cidade de Goiás já não era mais a capital do Estado, mas não<br />

menciona que, por volta de uns poucos anos antes da sua visita à Cidade de Goyaz, a<br />

transferência devera-se à sua inadequação para o desenvolvimento de projetos<br />

modernizadores das suas estruturas sócio-econômicas e à sua insalubridade. De fato, desde<br />

o séc. XVIII, essa cidade fora objeto, por parte de viajantes estrangeiros e de observadores<br />

locais, de cáusticas desqualificações em múltiplos aspetos das suas condições de existência<br />

que iam do clima, do saneamento e do abastecimento de água aos atavismos inerentes aos<br />

seus campos sociais 467 . Antecipando o viés da razão instrumental que animaria o projeto da<br />

467 As críticas plasmadas em trabalhos de diversos gêneros discursivos por viajantes estrangeiros e nacionais,<br />

e desde a administração estadual, a respeito da Cidade de Goiás foram por nós analisadas em um capítulo<br />

intitulado A modernidade assustadora: o pesadelo goiano de Lévi-Strauss, fazendo parte do livro Região,<br />

nação, identidade (Aguiar, 2005). Dentro desse capítulo escrevemos o seguinte: “No corpus das<br />

representações elaboradas sobre a antiga capital de Goiás não predomina a transmissão de se ter atingido,<br />

através da construção dessa cidade, a fixação de um pólo político-econômico que contribuísse eficazmente<br />

para o desenvolvimento da região, senão a de um precário assentamento para a coordenação de uma frágil<br />

economia capitalista de auto-suficiência. [...] Embora durante os governos dos capitães-generais Luís da<br />

Cunha Menezes e José de Almeida Vasconcellos, Vila Boa tivesse alcançado o rol protagonista na promoção<br />

dos referentes populistas e das práticas de ordenação urbana do despotismo ilustrado, quando se consumou a<br />

exaustão da riqueza do ouro e se iniciou a circunscrição da economia goiana ao garimpo esporádico, à<br />

agricultura rudimentar e à pecuária extensiva, a capital avançou inexoravelmente na direção de se transformar<br />

em uma viva imagem da gradativa decadência econômica, da ineptidão da administração e da indolência<br />

provocada pela alienação de um povo na miséria. Viajantes e cronistas estrangeiros como os alemães Spix e<br />

Martius, Raymundo José da Cunha Mattos – português –, Auguste de Saint-Hilaire – francês – e o Pe. Luís<br />

Antônio da Silva e Souza – o proto-historiador goiano, ordenado na Itália – narraram os aspectos em que se<br />

manifestava o declínio da capital de Goiás e a sua conversão, não obstante a sua aparência pitoresca, em um<br />

651

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!