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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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Senti que estava em minha própria casa, depois de dois longos anos de exílio. Ainda um fato se deu<br />

para me prender a este colégio por toda a vida: em nome dos antigos alunos falou-me o grande poeta<br />

Sinó Pinheiro, e Deus quis que morresse uma hora depois num desastre de automóvel; ao dia<br />

seguinte, no cemitério, eu lhe disse adeus em nome dos antigos alunos do apostolado Marista... (Las<br />

Casas, 1939: 82).<br />

Dentre as lendas urbanas da cidade salienta a do “túmulo da serpente” no cemitério<br />

de São João Batista, segundo a qual uma senhora que infligira suplícios atrozes aos seus<br />

escravos fora, ao morrer, metamorfoseada em cobra que era assanhada pelo negros<br />

falecidos que maltratara e, como anedota, conta o seu encontro com Carlyle Martins, um<br />

poeta cearense que fora lhe pedir um autógrafo e a lhe entregar um livro. Relata Las Casas<br />

(1939: 79-81) que, havendo-se recolhido uma noite no quarto hotel em que se alojara<br />

(deitei-me... como vocês podem imaginar: triste, amargurado. Saudades da minha pátria,<br />

dos meus amigos do Rio, de Manaus, aumentavam minha pena”), batera à sua porta um<br />

indivíduo que se identificara como Carlyle. Perante esse nome, reagira Las Casas dizendo<br />

“E eu sou Napoleão”, pois acreditara que se tratava de “coisa de espiritismo”. Logo o<br />

equívoco se desfez; acrescenta Las Casas que eles chegaram inclusive a se tornar amigos e<br />

dá a seguinte explicação para a confusão que acontecera: “Nem ele nem eu tivemos culpa<br />

da coincidência onomástica, nem do péssimo estado dos meus nervos”.<br />

Como recomendação para os turistas que visitem o Ceará, Las Casas indica alguns<br />

órgãos da Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS). Em primeiro lugar, assinala<br />

os serviços da Comissão Técnica de Piscicultura, “um centro de estudos e investigações de<br />

primeira ordem, onde, pelos novos sistemas de fecundação artificial, conseguiram-se já as<br />

espécies ideais para as necessidades do Nordeste” (Las Casas, 1939: 85) e, logo, os açudes<br />

construídos após a seca de 1932. A respeito da relevância da rede de açudes e do trabalho,<br />

em geral, desenvolvido pela IFOCS, informa que “na seca de 1877 morreram mais de<br />

100.000 pessoas, e na de 1932, que foi muito pior, a mais terrível que o Brasil já sofreu, as<br />

vítimas não chegaram a 23.000” (Las Casas, 1939: 86). As obras e o talante do corpo<br />

técnico da IFOCS, impulsionada pelo Dr. Vargas após a seca de 1932, comovem Las Casas<br />

quem elogia, como se segue, a esses funcionários e ao presidente da República:<br />

Vendo a obra da IFOCS fiquei comovido. Seus homens são verdadeiros apóstolos que, não contentes<br />

com o cumprimento de suas penosas obrigações, vacinam os campônios, distribuem soros, abrem<br />

escolas, organizam hospitais, instalam redes telefônicas, espalham livros e revistas, orientam,<br />

aconselham, dirigem, ajudam, fazendo a autêntica penetração integral do Brasil.<br />

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