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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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humildade, a extrema austeridade – que se afiançaram como traços da representação do<br />

trabalhador “galego” e, por extensão, do espanhol, surgindo, assim, o símile entre o<br />

imigrante espanhol e o trabalhador estrangeiro submisso, disciplinado e de fácil<br />

assimilação.<br />

As cifras<br />

Durante a grande imigração (1880- 1960) 139 , o Brasil foi o terceiro destino preferido<br />

pelos espanhóis, só ganhando, em afluência, Cuba e a Argentina 140 . Todavia, a<br />

quantificação estatística dos imigrantes galegos no Brasil é uma tarefa bastante complexa,<br />

sujeita a interpretações conflitantes, com variação de números nas fontes. Em primeiro<br />

lugar, cumpre distinguir entre os dados fornecidos pelas fontes brasileiras e os fornecidos<br />

pelas espanholas. Em segundo lugar, há que levar em consideração que nas estatísticas<br />

oficiais brasileiras só se especifica o Estado nacional do qual os imigrantes procedem.<br />

Alguns dos pesquisadores envolvidos nesses cálculos, para saberem se o espanhol<br />

desembarcado no Brasil era ou não galego, recorreram ao registro do porto em que o<br />

emigrante embarcara e às fichas das repartições consulares da Espanha no Brasil, em que,<br />

às vezes, figurava o lugar de nascimento desse imigrante.<br />

Entre as fontes brasileiras, a variação dos cômputos sobre a imigração espanhola é<br />

relativamente leve e depende dos anos que tenham sido fixados como datas de início e<br />

encerramento do movimento migratório. O estadunidense Sheldon Leslie Maram (1979:<br />

13) calcula em 500.000 a entrada de espanhóis para o período de 1871 a 1920. A contagem<br />

de Klein 141 (1994: 104-07) – a cronologicamente mais ampla das consultadas – abarca de<br />

139 O estudo aprofundado dos fatores gerais de expulsão e de atração – demográficos, sociais, políticos,<br />

psicológicos, econômicos, educativos e culturais – que motivaram o processo migratório americano dos<br />

galegos foi elaborado por Vicente Peña Saavedra (1991).<br />

140 Da apreciação de estatísticas oficiais espanholas do período 1885-1895 em que se detalham a origem<br />

regional ou provincial dos emigrantes, Eiras (1992: 231) tira a seguinte distribuição percentual sobre os<br />

quatro países que concentraram os 167.575 emigrantes galegos desses anos: Cuba (39%), Argentina (37%),<br />

Brasil (15%) e Uruguai (5%), mas ele afirma (1992: 254) que nunca foi estável e fixa a distribuição, pois a<br />

corrente era sensível às circunstâncias políticas e econômicas. Entre 1946 e 1960, o Brasil continuou sendo o<br />

terceiro destino preferido pelos galegos, com 20% de média em toda a emigração galega do período. Todavia,<br />

Cuba deixou de estar entre as duas primeiras predileções, sendo ocupados os dois primeiros destinos por<br />

Argentina, 35%, e Venezuela, 30%.<br />

141 As fontes que Klein informa ter usado são: “Para 1820-1871, Diretoria Geral de Estatística, Boletim<br />

Commemorativo da Exposição Nacional de 1908 (Rio de Janeiro, 1908), pp. 82-85; para 1872-1972, Maria<br />

Stella Ferreira Levy, “O papel da migração internacional na evolução da população brasileira (1872 a 1972)”,<br />

Revista de Saúde Pública, vol. 8 (Supl.) (São Paulo, 1974), pp. 71-73 (tabela 1)”.<br />

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