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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

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próprio Las Casas, transmitem que os críticos destacaram no tema a estreita e conflitante<br />

relação de amizade entre Fernando e Luis – os dois –, mas não repararam no quadro de<br />

costumes galegos, a não ser o anônimo autor da resenha publicada no diário A Noite,<br />

susceptível, conseqüentemente, de ter sido influenciada por Las Casas. Eis essa resenha:<br />

O autor, que se revela um mestre no gênero, faz girar todo o interesse em torno de duas figuras<br />

antagônicas, caracteres que contrastam extrínseca e intrinsecamente.<br />

Ao correr do romance, em que o sentido da poesia e o sentido filosófico se ajustam em grata<br />

harmonia, o autor insere descrições encantadoras do ambiente galego animando-os com a referência<br />

de costumes, paisagens e lendas de inexcedível sabor. Raramente um livro de índole reflexiva se lerá<br />

com tão vivo e tão constante encantamento espiritual (Las Casas, 1939: 199).<br />

Contudo, quantitativamente no argumento de Os dois não predomina o relato da<br />

tensão gerada na relação entre Fernando e Luiz. A maior parte da obra é dedicada à<br />

descrição que Fernando desenvolve das particularidades da Galiza a través das suas<br />

anotações do diário. Inclusive, aos 8 de julho, o protagonista Fernando lavra a sua opinião<br />

sobre as eleições nas aldeias galegas. Ele opina que elas, além de serem fruto da inquinação<br />

inerente à democracia, estavam permeadas pelas corruptelas dos caciques locais:<br />

Eleições, outra vez eleições! Os pobres campônios, sempre desprezados como parias, são agora<br />

procurados cobiçadamente. Cada homem um voto; Mário, o horteleiro, que é maluco, vai decidir a<br />

sorte da nação e fazer a felicidade do deputado. Palmadas no ombro, abraços, promessas e vinho,<br />

conhecimento deles, poderá esquecer. Romances como Os dois, pela ação, pelo estilo e pelo sentimento,<br />

incorporam-se logo às melhores bibliotecas”. O comentário de Machado Coelho é o seguinte: “Duas almas<br />

profundamente humanas que se agitam nessa obra e em torno das quais gira um mundo de coisas belas –<br />

sonhadas umas, vividas outras...”. Lemos Brito salienta que, em Os dois, Álvaro de Las Casas apresenta uma<br />

“Paisagem singular que surpreende nas próprias cousas inanimadas algo de humano, de espiritual, que lhes dá<br />

inteligência, alento e até voz. Subtil desenhista de almas e caracteres”. Por sua vez, Ledo Ivo qualifica Os dois<br />

como um “Livro da mais bela elegância, reflete algo de desnatural que o torna único. É mais que um livro: é a<br />

objetivação de sentimentos, o complexo desenho de caracteres íntimos, de uma introspectividade bem<br />

profunda”. Os autores de comentários dos quais não se especifica em que mio foram divulgados são Afrânio<br />

Peixoto (“da Academia Brasileira”), Olegário Mariano (“da Academia Brasileira”), Prof. A. Austregésilo (“da<br />

Academia Brasileira”) e Pascoal Carlos Magno. O primeiro deles escreveu que “Os dois são um belo<br />

romance, quotidiano como a vida, páginas umas de festa, outras de intimidade, poesia aqui, dor de pensar<br />

adiante, por vezes páginas de obra prima, como aquela que não se esquecerá nunca, a do gozo ou alegria da<br />

morte... O romance é delicioso, tanto que é daqueles onde não se passa nada, mas se passa tudo, tudo que é a<br />

vida... Um belo livro que honra a quem já escreveu tantos belos livros”. Por sua vez. Olegário Mariano<br />

apontou que “Álvaro de Las Casas é o maior fenômeno de adaptação que conheço: conseguiu o verdadeiro<br />

milagre de manejar o nosso idioma com a mesma pujança, a mesma riqueza vocabular e o mesmo brilho com<br />

que maneja a língua dos seus maiores”. O Prof. A. Austregésilo apontou que “Las Casas possui, como<br />

poucos, o dom de armar situações sentimentais e casos da vida quotidiana que ninguém, vindo a tomar<br />

conhecimento deles, poderá esquecer. Romances como Os dois, pela ação, pelo estilo e pelo sentimento,<br />

incorporam-se logo às melhores bibliotecas.” E Pascoal Carlos Magno destacara do romance o que se segue:<br />

“Neste seu último livro, Álvaro de Las Casas reafirma suas qualidades de retratista de almas, patenteando<br />

mais uma vez a riqueza da sua sensibilidade e da sua imaginação”.<br />

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