26.03.2015 Views

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

UNIVERSIDADE DE SANTIAGO DE COMPOSTELA FACULDADE ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nessa viagem, os moradores com os que, de propósito, estabelece contato Casais<br />

são os índios botocudos nas beiras do rio Pancas. Até onde eles se encontram Casais viajou<br />

de carro, e caminhou, por entradas na mata. Observa que eles não são mais ferozes e<br />

antropófagos, como apontara, na década de 1880, o viajante John Steains, e louva as ações<br />

que, para a sua civilização, se implementaram nos aldeamentos onde foram concentrados.<br />

Casais (1940: 112) descreve os botocudos que conhece nos aldeamentos como se segue:<br />

“hoy visten como cualquier colono, cúbrense con sombreros de fieltro, tal que los buenos<br />

burgueses, hablan de la guerra europea y, de vez en cuando, dan un paseíto por la ciudad<br />

para vender los productos de su trabajo y adquirir provisiones de hombre civilizado”. Com<br />

um grupo de botocudos conversa no aldeamento. Eles queixam-se da falta de tempo para<br />

satisfazer a grande demanda do seu artesanato que há em Colatina e comunicam-lhe a sua<br />

esperança de incrementar a safra de mandioca e feijão nos novos campos que preparavam<br />

após terem tocado fogo na mata. Nos arredores do aldeamento, Casais enxerga<br />

trabalhadores rurais, “perfectamente civilizados”, que ele reconhece como descendentes<br />

diretos dos índios do lugar e afirma que, do ponto de vista etnográfico, lhe pareceram “más<br />

interesantes que sus progenitores”.<br />

Em Colatina, Casais embarca, junto a caçadores, no vapor Juparaná para seguir o rio<br />

Doce, entre florestas exuberantes e fazendas agropecuárias, até Regência, na<br />

desembocadura do rio. Ele informa que o comandante do vapor era um russo – o Sr.<br />

Elpichim –, russo de origem, mas “brasileñísimo por temperamento y por ley”, qualificado<br />

por Casais como gentil e cordial no seu tratamento com os turistas, isto é, com ele. Com o<br />

comandante russo, Casais bebe um “cachaça-cocktail” e brinda pela prosperidade do rio<br />

Doce e do Brasil. Desde o quase abandonado arraial de Regência, Casais decide regressar,<br />

no mesmo vapor, a Colatina. No início dessa viagem de volta, aparentemente sem concerto<br />

prévio, uma canoa sai ao encontro do vapor. Nela ia o “Dr. Peixoto”, quem convida Casais<br />

a conhecer a exploração de cacau da sua fazenda, a “Maria Bonita”. Casais explica esse<br />

encontro com displicência:<br />

Me disponía para el almuerzo cuando vi navegar a toda marcha, en dirección al vapor, una canoa con<br />

dos personas. – Es la canoa de “Maria Bonita” dijéronme. En ella vienen el Dr. Peixoto y su<br />

administrador.<br />

662

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!